"Se em tempos a rotação no onze titular do Benfica era apenas uma miragem nas constituições de Roger Schmidt, a exigência do calendário fez com que as surpresas no onze inicial fossem mais e mais recorrentes.
No jogo frente ao Estoril, o técnico lançou Marcos Leonardo de início pela primeira vez desde que o avançado chegou a Lisboa, e, naquele que foi o seu oitavo jogo para o campeonato, o brasileiro faturou pela quinta vez na época, o que resulta numa média de um golo a cada 35 minutos, sensivelmente.
É verdade que nenhum dos golos marcados pelo ponta-de-lança se caracteriza pela sua dificuldade de execução ou pela sua extravagância ao olhar dos adeptos, porém, também é verdade que a sua presença no momento exato para finalizar, motivada por boas movimentações e boa leitura de jogo, vão mostrando aos poucos a sua qualidade em vários níveis.
A grande questão que se coloca após esta partida é se existirá verdadeiramente uma oportunidade para a continuidade do progresso do atleta. Terá o jovem de 20 anos mais oportunidades como titular do Benfica ou vai voltar novamente à utilização forçada nos minutos finais dos encontros?
Ao longo dos últimos tempos assistimos a uma mudança sistemática no que diz respeito ao homem mais adiantado no terreno de jogo das águias. Recordemos:
Numa primeira fase da época, entre a saída de Gonçalo Ramos e a demorada adaptação de Arthur Cabral, foi Musa que assumiu a posição, no entanto, as exibições do croata também foram descendo de nível após alguns jogos e a aposta de Roger Schmidt passou então por Tengstedt, que após o golo frente ao Sporting na Luz, mereceu mais oportunidades por parte do técnico alemão.
O avançado dinamarquês subiu novamente o caudal ofensivo das águias e protagonizou vários momentos de destaque na frente de ataque, tanto a assistir tanto a finalizar, algo que foi melhorando após alguns jogos. Para azar da equipa do Benfica, que parecia embalar de novo no sistema do ano anterior, Tengstedt lesionou-se, e, à boleia do calcanhar decisivo em Salzburgo, Arthur Cabral assumiu o papel principal na frente.
A partir desse momento, Arthur Cabral mostrou mais confiança, mais habituação à equipa e ao estilo de jogo, e consequentemente, mais golos. Mesmo tendo chegado a marcar em quatro jogos consecutivos, numa das melhores fases da época para os encarnados a nível exibicional, Roger Schmidt decidiu mudar o sistema de jogo remetendo o avançado para o banco de suplentes e apostou num sistema sem ponta-de-lança, apesar dos três homens à sua disposição para a posição.
Depois do esperado insucesso desse modelo e da utilização de Tengstedt e Arthur Cabral não surtirem efeito nos jogos frente a Sporting, Porto e Rangers, Roger Schmidt colocou Marcos Leonardo de início na receção ao Estoril, e como é sabido, o jovem brasileiro efectivamente faturou. Tendo isso em conta, e face ao histórico registado ao longo da época, a sua aposta como titular do Benfica nos próximos jogos pode ser uma realidade a encarar, contudo, pelos mesmos motivos mencionados, basta um jogo em branco para que o processo se repita novamente.
A inconsistência de Roger Schmidt na constituição das equipas tem sido algo recorrente nos últimos jogos, fazendo parecer que há sempre algum aspeto a melhorar. No que diz respeito à posição de ponta-de-lança, a resposta à inconsistência pode mesmo passar por Marcos Leonardo.
Marcos Leonardo não é o avançado mais móvel, porque o é Tengstedt, e também não é aquele com melhor poder de finalização, porque esse pertence a Arthur Cabral, contudo, Marcos Leonardo combina um conjunto de fatores que o tornam o mais completo e o mais eficaz nos momentos derradeiros. Há que ter em conta que o jovem chegado apenas em janeiro ao Benfica é já o terceiro melhor marcador da equipa no campeonato, um dado que é tanto surpreendente como revelador do merecimento da continuidade de Marcos Leonardo na frente de ataque dos encarnados.
Posto isto, resta aguardar pelos próximos jogos para perceber de que forma Marcos Leonardo se apresenta como uma aposta imediata nas águias, ou se, à semelhança de outros colegas, é visto apenas como um produto para o futuro do Benfica."
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