"Quando saiu o sorteio da Champions, o pensamento foi logo San Sebastián. Milão não podia ser e Salzburgo era demasiado longe e caro para o que sobra de orçamento de final de ano. San Sebastián permitia ir de carro e, juntando uns amigos, dividia-se as despesas.
Os meses foram passando e a decisão final ia-se protelando. Até porque o Benfica não punha os bilhetes à venda. Eu não sei se isto é culpa do clube ou da UEFA, mas como é possível só venderem os bilhetes para um espetáculo uma semana antes de ele acontecer? Imaginam isto noutro sector que não o futebol? Pessoas com viagens marcadas ou por marcar, não sabendo se terão entrada ou não. Muito mal é tratado o adepto de futebol.
A confusão de sempre com o site do Benfica para comprar bilhetes levou a que só no segundo dia se tenha conseguido os pdf mágicos. Com a entrada para o estádio garantida, a decisão foi tomada: 'bora lá a mais de dez horas de viagem de carro'! Para um jogo em que estava convencido que o Benfica ia perder, salvo algum milagre. Mas fala mais alto o amor ao clube, o convívio com os amigos e a experiência incrível que são estes aways no estrangeiro. E quem sabe...o tal milagre.
A viagem começou às oito da manhã de Portugal e só terminou às 21 horas de Espanha! Pelo meio, 12 horas no carro, com paragens para abastecer o depósito e as gargantas (cerveja e favaios, menos para o condutor, claro). Paragem mais longa em Valladolid para umas tapas, que a fome já apertava.
Tivemos muita sorte com o tempo, pois pouco choveu e após deixar as malas no hotel foi tempo de ir à parte velha da cidade e lá conviver com outras dezenas de benfiquistas até às tantas da madrugada. Um highlight da noite foi falar com um espanhol que se apaixonou pelo clube, desde os tempos de Pablo Aimar. E a mãe dele a contar-me que o filho tem o quarto todo decorado à Benfica!
Na manhã seguinte visitamos Bilbao e o Museu Guggenheim, para regressarmos ao início da tarde, mesmo a tempo de entrar no cortejo até ao estádio. É sempre delicioso ver as caras dos locais ao ver a turba estrangeira aos cânticos e aos saltos, avançando pelas ruas da sua cidade.
O estádio? De média dimensão, mas com um excelente ambiente. Os adeptos da Real Sociedad comprovaram a fama de terem das melhores atmosferas em Espanha. A sua equipa também ajudou ao entusiasmo, claro. Já a nossa...
Acho que foram os 30 minutos mais vergonhosos que alguma vez vi uma equipa do Benfica fazer. Cada ataque deles era golo. Foi uma sorte não estar 6-0 aos 30 minutos. Cinco vezes a bola entrou nas nossas balizas (duas felizmente anuladas), mais a bola ao poste no penálti. Cheguei a temer que ia rever o pesadelo de Vigo, mas desta vez comigo presente no estádio.
Houve uma pequena reação do Benfica na segunda parte, mas foi quebrada por mais uma vergonha: novamente «benfiquistas» a atirarem tochas para a bancada adversária. É urgente banir estas pessoas, o clube tem de fazer mais! Não tenhamos medo das palavras, quem faz isto não é boa pessoa nem benfiquista. É impossível gostarem do clube, mais a mais, sabendo que este já estava no risco de uma punição forte.
Atirar tochas a homens, mulheres e crianças. Quem é capaz de uma coisa destas? É preciso não ter nada na cabeça. São uma minoria, porque a nossa bancada estava tão revoltada com isto como os espanhóis.
No final do jogo, longa espera e depois percebemos porquê: a saída de todos foi feita de forma individual, pois a polícia espanhola queria identificar quem atirou a tocha. Se eles conseguiram filmá-los, porque não consegue o Benfica? Não sei responder, mas não sei se também não tenho medo de saber a resposta.
Apesar da expetativa de represálias dos espanhóis, a cidade continuava muito tranquila e conseguimos comer e beber, antes de ir dormir. Que no dia seguinte houve muitas mais horas no carro para regressar a Portugal.
Esta equipa do Benfica está um descalabro. Treinador desorientado, reforços que não se mostram e jogadores antigos bloqueados e a não render o que meses antes rendiam. E vem aí agora o Sporting...
Pode ser que haja aqui o milagre."
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