"Só faltava isto: em breve estaremos a discutir os áudios entre árbitro e VAR, mais os assistentes, o AVAR e todos esses novos deuses de um jogo outrora centrado em futebolistas. Em vez de se reduzir o julgamento humano por recurso à tecnologia, aumenta-se o fator humano em redor da tecnologia. Dois problemas essenciais: 1. os árbitros estão cada vez mais transformados em donos do jogo, tanto lhes multiplicaram as decisões e o peso em resultados; 2. O poder dos juízes cresceu tanto que é impossível convencer os adeptos do contrário, de que não é deles o “juízo final”. Perante isto, o que se faz? Cava-se mais fundo. Vamos passar a comparar as perguntas no árbitro no jogo A e no jogo B, mais as respostas do VAR no estádio X e no momento Y. Vai ser bonito. Ou antes, não vai.
Prestei atenção aos recentes comentários na hora sobre os sorteios da UEFA e, salvo raras exceções, os analistas escalados não revelavam o mínimo conhecimento concreto sobre as equipas, por exemplo quanto aos adversários calhados em sorte às equipas portuguesas. Nem conhecimento – de jogadores, plantéis, modelo - nem sequer preparação, apenas longas séries de banalidades que qualquer adepto minimamente atento seria capaz de proferir, como ideias ultrapassadas sobre o tipo de futebol de determinado país ou validação do potencial de uma equipa pelos títulos anteriormente alcançados, mesmo que perdidos no tempo. E umas piadolas pelo meio, claro, que isto do futebol só é sério quando nos incomoda.
Nunca é fácil para um comentador dizer que considera um jogador melhor que outro, nem para um comentador nem – muito menos – para um treinador, daí o recurso recorrente ao eufemismo das “características diferentes”, quando há predileções evidentes e até justas. Vem isto a propósito dos ecos de contestação em redor da convocatória de Roberto Martínez, que segue modelo de “clube seleção”, por alguns elogiado em antecessores como Luiz Felipe Scolari, mas que quase redime Fernando Santos, que não me recordo de ver tão contestado após uma leitura compassada de nomes na cidade do futebol. Acontece que o espanhol que veio da Bélgica é assim, habituem-se, habituemo-nos. Escolhe os que considera melhores, só os exclui por indisponibilidade e não vai alargar tanto o grupo – com Pote, Bruma, Paulinho ou outros – para a seguir ter de explicar porque os exclui novamente. A convocatória recente é necessariamente muito discutível e a explicação de ajudar alguns jogadores em momento difícil é de todo desajustada e só podia aumentar o ruído. Mas o que Martínez está a dizer-nos – sem o afirmar – é simplesmente que, para ele, homens como Cancelo e Félix são claramente melhores que as alternativas. E disso não consigo discordar."
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