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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Ajudem João Félix


"O cenário é irrealista. Imaginem-no, se forem capazes.
O FC Porto (podem ser Benfica ou Sporting) investe milhões num futebolista, o futebolista não corresponde ao que Sérgio Conceição (podem ser Roger Schmidt ou Rúben Amorim) exige, o mesmo atleta sai por empréstimo, volta e – em plena pré-temporada – diz que o sonho de criança foi sempre jogar no Benfica (ou no Sporting).
Um tonto. Um inconsciente. Um desrespeitador.
Plot twist. Aconteceu mesmo.
Foi isto, precisamente, que João Félix achou boa ideia experimentar: anunciou a todo o mundo o desejo de vestir a camisola do Barcelona e uma paixão blaugrana que o persegue desde a infância.
Só faltou o assobio do Piranha no Verão Azul, ladeira abaixo, bicicleta e amigos. Idílico.
Félix teve este atrevimento, veja-se bem, inserido nos trabalhos de pré-época do Atlético Madrid. E com mais quatro anos de contrato nos colchoneros.
Não sei se este tique de absurda petulância saiu da cabeça do João ou se alguém na sua entourage o aconselhou neste sentido. Uma estupidez desenfreada, um ultraje disparado direitinho ao coração dos milhões de adeptos do Atlético.
Não é assim que se recupera o crédito, já de si tão malparado.
Sou fã do futebol de Félix. Tem tudo o que procuro num craque, a leveza, a descontração altiva, a sensibilidade a receber, a tocar e a rematar.
Em 2019, alguém se lembrou que seria boa ideia entregar este pacote delicado nas mãos de um ferreiro. Um ferreiro competente, sim, mas um ferreiro. Um homem com ideias inversamente proporcionais às esperadas por João dentro de um campo de futebol.
Quatro anos depois, João Félix não é melhor futebolista, não é um nome mais apetecível no mercado de transferências, tem a credibilidade arruinada no emblema de Madrid e a carreira num beco de saída apertada.
Qual será o próximo passo?
Ajudem João Félix, ajudem-no a parar para pensar, a ver e a ler todas as possibilidades, a fazer mea culpa e a assumir o ridículo de um empréstimo a um Chelsea meio morto. Um Chelsea que, ainda assim, teve a afronta de recusar um futuro com Félix.
Dirijo-me às pessoas com influência sobre o avançado. Pais, irmão, representantes, a todos os que gostam realmente do homem. Ajudem-no.
Félix e Simeone era uma relação condenada à partida. Contra-natura. Um toureiro e um defensor dos direitos animais, um belicista e um objetor de consciência na mesma casa. Não há harmonia possível entre causas contrárias, conflituantes.
Não dá, nunca deu. A responsabilidade é de ambos, naturalmente, mas acima de tudo há um clube histórico e um contrato milionário a respeitar – assinado por vontade própria, que se saiba, pelo atleta.
João Félix tem algumas saídas, ainda assim.
1. Um pedido de desculpas público ao mundo colchonero, na esperança de que o clube facilite um empréstimo com cabeça, tronco e membros
2. Uma conversa séria com Xavi, para avaliar se a famosa paixão é correspondida ou se é um desamor de verão condenado ao fracasso
3. Uma terceira via, para um clube onde possa ter paz, jogar com liberdade e responsabilidade, num futebol compatível com os seus ‘pezinhos de ouro’.
O Benfica entraria nesta terceira opção. Socorro-me de Luís Freitas Lobo e digo que Félix «precisa mais do Benfica do que o Benfica de Félix» nesta altura. Mais do que contratar o avançado, o clube estaria disponível para recebê-lo. E seria bom para os dois lados.
Que Félix pense bem, que fuja das arábias desta vida e dos muitos milhões da Turquia, Grécia e outros desterros piores. O seu lugar é na mesa dos maiores, aos 23 anos está mais do que a tempo de corrigir erros recentes. No Benfica ou num campeonato decente.
Ajudem-no."

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