"Cinco meses depois de finalizar a novela Ricardo Horta em grande estilo, ultrapassando pela direita esmagadora franja da comunicação social e expondo nova forma categórica de contratar na Luz – como se viu no caso de Casper Tengsted -, Rui Costa e o Benfica têm agora um problema em mãos. Julian Draxler, o escolhido de última hora no mercado de Verão para compor as opções do meio-campo ofensivo, tarda na recuperação física total e dificilmente imprime no jogo encarnado o seu talento superlativo, outrora decisivo num PSG finalista europeu. Em 2023, notam-se ainda as grandes capacidades técnicas; mas o físico precário do atleta impossibilita-o de ganhar o ritmo certo, afectando-lhe o mental: sem o qual nunca mais revitalizará a carreira.
A escolha, em termos teóricos, foi a mais acertada. Para ambas as partes. O Benfica, exausto pela travessia do deserto em busca de Horta, achou em Draxler uma opção viável – fácil foi convencer o craque alemão, bastando a intervenção do também germânico Schmidt. Havia promessas de Liga dos Campeões, ao jogador interessava-lhe palco internacional que Hansi Flick preparava a convocatória para o Catar. Correu tudo bem à equipa com aquela prestação impecável na fase de grupos, mas o jogador não fez parte das melhores exibições da equipa. Se chegou a Lisboa ainda a recuperar de lesão ao joelho sofrida em Março (e duma operação ao menisco, em Abril), na Luz sofreu nova lesão no final de Outubro, ficando de fora seis jogos – perdeu aí ainda mais o comboio, do clube e da selecção.
É precisamente por aí que se pode justificar a descida abrupta de rendimento na carreira do jogador, que ainda nem completou 30 anos (nasceu em Setembro de 1993). Se em 2018-19 é parte bastante activa da chuva de estrelas parisiense, a partir desse Verão inicia-se enxurrada de complicações físicas que lhe provocam ausências repetidas e cada vez menos tempo de jogo. Em 2019-20, quando o PSG alcança a final da Champions (vs Bayern) já só cumpre 22 jogos ou 1164 minutos (média de 52’ por jogo), devido a lesão no pé entre Agosto e Outubro e uma infecção viral em Dezembro.
Em 2020-21 nem sequer há tempo para sonhar: uma lesão num tendão afasta Draxler dos relvados entre Outubro e Dezembro, o que só o deixa cumprir 34 jogos, 1613 minutos se quiserem (e uma média de 47’ por partida). O calvário adensa-se na época passada: 2021-22 é um martírio para Julian, que se vê a contas com uma gripe entre Setembro e Outubro, uma lesão muscular entre Novembro e Janeiro, no mesmo mês há infecção covidiana e a tal lesão no joelho em Março. Resultado? 24 presenças, 864’ (que dá 36 por jogo). Ou seja, desde 2019 cada vez menos tempo de jogo, preponderância nula e dificuldades em justificar os 5 milhões de salário anual até… 2024.
Felizmente para ele, surgiu o Benfica, pronto a disponibilizar-lhe oportunidade única de recuperar índices físicos e anímicos junto de treinador seu conterrâneo, que lhe daria futebol de elite e um contexto semanal (Primeira Liga) que seria como um parque de diversões para o seu talento.
Por uma razão ou outra, Julian Draxler não conseguiu ainda aproveitar as oportunidades – 15, 648 minutos – e por mais que nunca comprometa, não há motivo a grandes elogios, seja pela falta de rasgo e intensidade, seja pela falta de ousadia na hora de definir. O toque de bola, apesar de não enganar ao olhos mais treinados, não é razão suficiente para se justificar a sua manutenção no plantel e surgem cada vez mais vozes a pedir a interrupção do empréstimo já em Janeiro, situação adensada pela permanência no banco de suplentes no dérbi, frente ao Sporting.
De Espanha surgem notícias dum eventual interesse do Sevilha de Sampaoli, com quem jogaram os encarnados uma partida amigável em Dezembro último, no Estádio do Algarve, oportunidade durante a qual, presume-se, se tenham encetado aproximações e sessões de esclarecimento – é preciso autorização dos encarnados para espanhóis e franceses conversarem quanto a possível cedência.
Para Draxler, seria boa oportunidade de continuar a tentar ressurgir para o futebol de alto nível, ainda que os contextos se invertam – deixa de poder contar com um contexto doméstico tão favorável, que à La Liga só deve a Premier League, mas continua a ter futebol europeu, ainda que um escalão abaixo, na Liga Europa.
Ao Benfica, que já retocou o plantel com dois prodígios escandinavos a pensar no longo prazo, não faltam boas opções por empréstimo para render no imediato: e a ventania do temporal que se faz sentir por todo o Portugal traz consigo o nome de Gonçalo Guedes, encostado por Julen Lopetegui. Guedes que chegou aos Wolves este Verão, a troco de 32 milhões de euros – depois de explodir em Valência, com 13 golos e seis assistências em 42 encontros pelos Che… considerando-se, por isso, estar no pleno das suas capacidades físicas e pronto a ajudar quem dele mais precise."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!