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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Cesina Bermudes, a médica desportista e revolucionária


"Uma das mais fascinantes figuras benfiquistas, de quem é costume dizer-se que 'uma vida só não basta'

Nascida em 20 de Maio de 1908, Cesina Bermudes era a filha mais velha de Fèlix Bermudes. Tal como a irmã, Clara, teve uma educação livre e informada, diferente da que recebiam a maioria das meninas da sua geração. Desde cedo, Cesina decidiu que queria ser médica e ajudar os mais desfavorecidos, através dessa profissão.
Desportivamente, Cesina foi eclético. Praticou vários desportos, como patinagem artística e ciclismo. Em 1924, ela e a irmã foram as únicas participantes femininas da I Volta a Lisboa em Bicicleta. Cesina foi a vencedora, ao percorrer os 30 quilómetros da prova em 1h39min, e repetiu o feito no ano seguinte.
Tal como o pai, Cesina dedicou-se ao estudo da Teologia. Acreditava que a existência humana tinha de ter um propósito e, talvez por isso, viveu sempre focada no seu sonho, que se concretizou em 1933, o ano em que se licenciou em Medicina. Em 6 de Maio de 1948, com 19 valores, tornou-se a primeira mulher doutorada em Medicina em Portugal.
A clarividência e a arte de pensar que adquiriu tornaram-se uma forte opositora da ditadura. Foi apoiante da candidatura do general Norton de Matos, em 1949, e em 14 de Outubro foi presa, em Caxias, por integrar a Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino. Ficou impedida de prosseguir a carreira no ensino público e acabou por se dedicar à ginecologia. Na Maternidade Bensaúde, assumiu um papel fundamental, realizou mais de três mil partos, muitos deles de mulheres clandestinas.
Em 1954, foi para França estudar técnicas que proporcionavam um 'parto sem dor'. Chegou a Paris ao fim de 4 dias de viagem no seu Citroen 2CV e começou de imediato a estudar o método profilático, do qual foi pioneira no nosso país. Ao longo da vida, lutou pelos direitos das mulheres e dos mais desfavorecidos.
Em Maio de 1989 foi condecorada pelo Presidente da República, Mário Soares, com a Medalha de Comendador da Ordem da Liberdade, e em 1996 foi-lhe concedida a distinção de Honra do Movimento Democrático de Mulheres.
Faleceu em 9 de Dezembro de 2001, com 93 anos.
Saiba mais sobre outras figuras do universo benfiquista na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

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