"O jogador que passou das suspeições à conquista
Coluna chegou ao Benfica em 1954 e cedo revelou a sua enorme qualidade, assumindo-se como um dos indiscutíveis no onze benfiquista. Em 1957, encantou o Brasil na digressão que os encarnados efetuaram na pré-época. No entanto as boas exibições internacionais do jogador não tiveram sequência na estreia do Benfica na Taça dos Clubes Campeões Europeus. O centrocampista realizou exibições aquém do seu nível nos dois jogos frente ao Sevilha, e os encarnados não passaram da 1.ª eliminatória da competição.
Em 1969/61, o Benfica voltou a disputar a prova que reunia os campeões europeus. Mas, ainda antes de o Clube iniciar a campanha, Coluna, Germano, José Augusto e Cavém foram os benfiquistas selecionados para representar a seleção de Lisboa que iria defrontar a seleção da Catalunha. A partida estava inserida nas comemorações das bodas de ouro da Associação de Futebol de Lisboa, realizando-se o encontro em 14 de Setembro.
A comitiva catalã, composta por nove jogadores do Barcelona e sete do Espanhol, gerava enorme entusiasmo pela qualidade dos seus jogadores, o que se confirmou com o início avassalador dos visitantes. Em 14 minutos, marcaram dois golos. Os portugueses, que vinham a acusar falta de entrosamento, foram melhorando a sua prestação progressivamente, chegando ao empate, por intermédio de Germano e de Matateu. Os espanhóis ainda conseguiram voltar à vantagem antes do intervalo, fazendo o 3-2.
Com a partida bastante renhida, o rendimento de Coluna tornava-se ainda mais evidente. O jogador mostrava uma condição física bastante débil, fazendo com que não ganhasse um único lance. Ainda antes do intervalo, foi substituído por Cavém. No segundo tempo, os lisboetas superiorizaram-se e chegaram ao empate, resultado que se manteve até ao final.
A imprensa não perdoou a paupérrima prestação de Coluna: 'Exibição discreta, sem chama, pouco em conformidade com a sua categoria de jogador. Sem alegria, sem velocidade e, por reflexo, pouco interessado'. Como poderia realizar exibições tão desfasadas quando passava das competições internas para as internacionais? Seria um elemento apenas para jogos nacionais? A resposta não tardaria. Coluna participou em todas as partidas do Benfica na excelente campanha na Taça dos Clubes Campeões Europeus e apontou um dos golos da vitória dos encarnados na final frente ao Barcelona.
Numa época em que Coluna começou a ser criticado pelo seu rendimento frente a uma equipa internacional, o jogador acabou a demonstrar ser um elemento de classe mundial. Saiba mais sobre a carreira deste extraordinário futebolista na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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