"O caminho da proximidade dos adeptos ao trabalho da equipa de futebol consolidou-se com a decisão da Direcção do clube
Decorria a época 1979/80 quando, no dia 21 de Janeiro de 1980, a direcção do Sport Lisboa e Benfica contratou o professor David Monge da Silva como o primeiro preparador físico da equipa sénior de futebol. A necessidade constante do desenvolvimento das capacidades físicas e psicológicas de cada atleta e de potenciar o rendimento da equipa motivou esta mudança.
Na altura da contratação, Monge da Silva já tinha dado provas da sua competência no meio desportivo. Leccionara Teoria do Treino e Metodologia do Treinador, no Instituto Superior de Educação Física, e desempenhara até ao momento o cargo do coordenador do Gabinete de Metodologia do Instituto Nacional de Desporto.
Depressa foi considerado o braço direito do treinador Lajos Baroti, conquistando um papel fulcral no planeamento dos treinos, e acompanhou de perto vários momentos importantes no futebol 'encarnado', como a reentrada de Fernando Chalana na equipa, após lesão prolongada.
Na edição de 19 de Fevereiro de 1980 do jornal O Benfica, em contexto de entrevista, falou abertamente sobre a preparação física inerente aos trabalhos da equipa, que constituiu uma revolução no futebol, tendo em conta a especulação sobre este tema em épocas anteriores, em que não existia informação concreta sobre o assunto.
Monge da Silva abordou questões como a importância do número de sessões de treino e sua intensidade, dando especial atenção à implementação e desenvolvimento da corrida que, na sua opinião, ainda não era considerado relevante no futebol português: 'a falta de velocidade e de resistência é um problema genético a todas as equipas portuguesas, e deve-se (...) ao facto, de em Portugal, os jogadores não serem sujeitos, numa fase de iniciação, ao treino da técnica mais utilizada no futebol que é a corrida'. Sublinhou também que os treinos 'têm que ser adequados às características dos jogadores' e que cada atleta tem um conjunto de características que podem ser melhoradas mas nunca modificadas totalmente: 'existem jogadores que são combativos, batalhadores, enquanto outros têm características mais tecnicistas e numa equipa de futebol tem que haver forçosamente um equilíbrio'.
David Monge da Silva contribuiu para que os adeptos tivessem uma maior compreensão do trabalho realizado e suas sinergias, o que só é possível através de uma grande planificação, análise e rigor, características transversais ao trabalho do Professor.
Na área 25 - Mestres da Bola, no Museu Benfica - Cosme Damião, poderá saber mais sobre as mais respeitadas personalidades relacionadas com o treino."
Cláudia Monteiro, in O Benfica
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