"Coluna fez dos golos o seu cartão de visita
As ruas são o primeiro palco dos futebolistas, alinhando nas equipas que se defrontam em todos os cantos do planeta: rua de cima contra rua de baixo. É aí que as qualidades são postas à prova pela primeira vez, convencendo colegas, adversários e transeuntes. É impossível ficar-se indiferente a quem tão bem trata a bola! Mário Coluna pertencia aos que encantavam, chamava 'sobre si as atenções de todos que o viam evoluir pelos terrenos baldios do Alto Maé'.
Aos 15 anos, a rua tornou-se pequena para tamanho talento, e ingressou nos juniores do Desportivo de Lourenço Marques. O pequeno Mário enfrentou uma realidade completamente distinta, um campo com linhas marcadas, balizas e equipamentos. A acrescentar a isso, no seu primeiro encontro, teve a pressão de jogar frente ao Ferroviário, principal rival do Desportivo na luta pelo título. Todos estes factores poderiam fazer com que os nervos tomassem conta de si. Não foi o caso, 'no pontapé inicial do jogo e do campeonato, Coluna, ao receber a bola, não a entregou a mais ninguém. Foi do centro até a dois metros da baliza, driblando todos os adversários que lhe apareceram no trajecto para deixar a bola no fundo das redes'. Ganharia a partida e sagrar-se-ia campeão.
Dois anos depois, já se destacava na equipa de honra do Desportivo, 'tornou-se muito popular (...) e a ser tentado por alguns clubes como o Sporting e o F.C. Porto'. Contudo, Coluna esperou pelo convite certo, que chegaria em 1954, por parte do Benfica. Embarcou numa nova aventura, noutro continente, mas num clube que bem conhecia - era benfiquista desde tenra idade. Assim que chegou, causou boa impressão, com os jornais a caracterizarem-no como: 'tipo de jogador brasileiro, Coluna agrava à primeira vista'.
Todavia, teria de provar dentro das quatro linhas o seu real valor, o que não demorou muito a acontecer. Na sua estreia oficial de 'águia ao peito', realizou uma boa exibição, culminada com dois golos que selaram o triunfo do Benfica por 5-0, frente ao Vitória de Setúbal, na 1.ª jornada do Campeonato Nacional 1954/55. A imprensa elogiou-o: 'habilidade, bom toque de bola, remate forte e fácil e espírito de sacrifício'. Marcou nos dois jogos seguintes, confirmando essas credenciais.
O ponto alto aconteceu frente ao Boavista, na 4.ª jornada do Campeonato Nacional, em que Coluna apontou um hat-trick, deixando os média estarrecidos: 'decididamente um rematador e um jogador de fina classe'. No final da época, o 'Monstro Sagrado' seria o segundo melhor marcador da equipa, com 14 golos, e uma peça fundamental na conquista do título nacional.
Saiba mais sobre esta caminhada até no triunfo no Campeonato Nacional na área 6 - Campeões Sempre, no Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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