"O preço de Carlos Vinícius deixou muito boa gente com dúvidas no início da temporada mas, mais uma vez, o brasileiro foi decisivo, ainda para mais num campo difícil como é o Estádio do Bessa. Vitória por 4-1 do Benfica frente ao Boavista, com dois golos e uma assistência do avançado que, por estes dias, já não parece assim tão caro
De conceitos de economia, confesso aqui, percebo pouco. Mas a partir do momento em que alguém inventou o ditado “o barato sai caro”, isso quer dizer que os conceitos de “barato” e “caro” têm algo de volátil e terão, talvez, muito mais de salto de fé do que possamos à partida pensar.
Porque o barato pode de facto sair caro, mas o barato também pode sair barato e o caro pode ser caro ou, então, barato. Uma coisa é certa: quando compramos certo bem de não-primeira-necessidade, talvez não possamos ter conclusões imediatas sobre o seu valor. Isto está a ficar confuso, mas serve, essencialmente, como aviso. No defeso, os 17 milhões de euros que o Benfica despendeu para contratar Carlos Vinícius não foram poucas vezes alvo de zombaria. Afinal de contas estávamos a falar de um avançado possante, que tinha dado muito boa conta de si no Rio Ave, mas que num nível mais alto, no Mónaco, tinha desiludido.
E porquê dar 17 milhões por um jogador que se apequena num Mónaco? Desportivamente falando, isso agora talvez não interesse muito. Porque Carlos Vinícius parece cada vez mais um reforço em conta, para mais se percebermos que Raul de Tomas, que custou 20 milhões de euros, viu o jogo desta sexta-feira na bancada do Bessa. Enquanto isso, o brasileiro de 24 anos voltou a brilhar: foram dois golos e uma assistência num jogo frente a um Boavista que tem em casa uma fortaleza muito particular e onde os encarnados, apesar do 4-1 final, sentiram algumas dificuldades para controlar o jogo com bola na 1.ª parte.
Quando essas dificuldades existem, dá jeito ter um avançado em grande forma e que resolva com pouco. E foi o que Vinícius fez à passagem da meia-hora, naquela que foi a primeira vez que o Benfica de acercou com perigo à área do Boavista. Sem conseguir criar de forma apoiada, de pé para pé, “com alegria”, como disse Bruno Lage na conferência de antevisão ao jogo, foi numa jogada rápida em transição que o Benfica fez o 1-0: três passes bastaram para a bola chegar ao avançado brasileiro, que respondeu ao passe de primeira de Pizzi com um remate forte e que enganou Bracali, talvez à espera que o tiro fosse mais cruzado do que foi realmente.
Respondeu bem o Boavista ao golo do Benfica e terá sido apenas nos minutos que se sucederam ao primeiro de Vinícius que os encarnados falharam na pressão, na reação rápida à perda de bola. E não foi preciso muito para a equipa da casa chegar ao empate, num lance em que Marlon tirou Pizzi do caminho, colocou alto na área, Ruben Dias e Ferro falharam e Stojiljkovic aproveitou para marcar.
E, de repente, o jogo parecia complicado para os encarnados.
Mas o intervalo fez bem à equipa de Bruno Lage, que aos 52’ voltou a colocar-se em vantagem: Grimaldo deixou para a movimentação de Vinícius, que cruzou para a área onde Cervi fez o segundo, num lance que deixou algumas dúvidas.
O show de Vinícius não ficaria por aí. Num lance em que a pressão do Benfica funcionou em pleno, Grimaldo aproveitou o erro provocado na saída a jogar do Boavista para rapidamente colocar em Vinícius que, entre os centrais, rematou de primeira e em jeito para o 3-1.
O resultado ficaria ainda mais gordo já nos descontos, com Gabriel a marcar após livre indireto, num jogo em que o Benfica nem sequer precisou de uma montanha de oportunidades para construir uma vitória robusta. Basta, talvez, ter um avançado que em três remates faz dois golos, que joga bem de costas e ainda assiste, que já leva, sem grande espalhafato, 13 golos na temporada. E que, de repente, até parece barato."
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