"O SL Benfica saiu derrotado de Lyon por 3-1, em jogo a contar para a quarta ronda da fase de grupos da Liga dos Campeões. Golos franceses a abrir e a fechar o encontro pulverizaram as esperanças encarnadas, nas quais, diga-se, nunca as águias cravaram as garras. Mais uma exibição cinzenta, mais uma derrota ajustada e, acima de tudo, justa. Vamos às incidências da partida.
Início inverso ao que teve lugar no Estádio da Luz. Domínio do Lyon e golo no quarto minuto de jogo. Através de um canto curto, o Lyon conseguiu colocar a bola na cabeça de Andersen, que, com demasiado à-vontade, bateu Vlachodimos, que nada podia fazer para evitar a vantagem francesa.
À passagem dos dez minutos de jogo, novo contratempo para os encarnados. Numa disputa de bola aérea com Dembélé e Vlachodimos, Ferro fica estendido no relvado, visivelmente combalido. O jovem defesa central das águias foi forçado a sair, de maca e com colar cervical, entrando Jardel para o lado esquerdo do eixo da defesa.
A intranquilidade benfiquista deu origem a várias – e inadmissíveis – perdas de bola, que permitiram que os franceses surgissem em vantagem numérica às redondezas da área encarnada. Por diversas vezes, a equipa do Lyon conseguiu conduzir a bola com quatro jogadores de frente para a baliza de Vlachodimos, tendo apenas uma linha de três portugueses para ultrapassar. No entanto, as más decisões tomadas pelos franceses e o bom posicionamento de Rúben Dias e Jardel evitaram o golo francês.
O campeão português ia esboçando uma reação, mas sem ser capaz de criar frisson junto da baliza de Anthony Lopes. Por seu turno, o Lyon, sem precisar de pensar nem de saber muito, chegou novamente ao golo. Perante a passividade das águias, que fazem o futebol ofensivo dos adversários parecer fácil, Depay só teve que amortecer a bola com o pé direito na direção da baliza, aproveitando o movimento de arrasto de Dembélé, que levou consigo Jardel, para se antecipar a Grimaldo.
2-0. Jogo fácil, jogo na mão. O domínio francês, já notório, intensificou-se. A grande tranquilidade gaulesa contrastava com a clara intranquilidade benfiquista, o futebol simples do Lyon contrastava com as dificuldades técnico-táticas do Benfica como botões de ouro num negro fato. A bola fluía pelos pés dos franceses, que não pareciam precisar de pensar o jogo. Do outro lado, era impensável utilizar os verbos fluir e pensar para definir o futebol (não) praticado.
Todavia, quiçá aproveitando uma eventual prepotência francesa, as águias começaram a ter mais espaço para atacar na recta final da primeira parte, período do jogo em que, pela primeira vez, incomodaram Anthony Lopes. Foi com dificuldade, mas com eficácia, que o guardião português travou o remate de circunstância de Chiquinho. Deu para a estatística.
Para a segunda parte, Bruno Lage lançou Seferovic para o jogo. Gedson foi o preterido, tendo Chiquinho ocupado o seu lugar na direita. Seferovic e Vinícius foi a dupla de ataque que iniciou o segundo tempo em Lyon. A intenção foi boa, mas os dez primeiros minutos da segunda parte foram tão sofríveis como os 45 da primeira.
No decorrer do minuto 56, Seferovic, descaído para a direita e a 22/23 metros, deu trabalho a Anthony Lopes pela primeira vez no segundo tempo. O português defendeu para canto e sacudiu o perigo e a iniciativa encarnada. Para longe, como comprovaram os minutos seguintes.
O jogo, nos vinte minutos seguintes, não teve dono. Também não teve graça. Pouca cabeça, não muito mais coração. Ataques pouco dignos do nome. Até que… Pizzi e Seferovic, que haviam despido o fato de treino há menos de meia-hora, vestiram o fato de gala e, com classe, fizeram uma assistência extraordinária, o primeiro, e um remate certeiro, o segundo. Aos 76 minutos, o Benfica reduz a desvantagem e o jogo, até aí, mortiço, ganha vida.
Bola cá, bola lá, bola cá, bola lá dentro. Oitenta e oito minutos e Traoré, com uma boa finalização em arco de pé esquerdo, faz o terceiro do Lyon e coloca uma cruz sobre o jogo e uma lápide no jazigo do Benfica na Liga dos Campeões. O Benfica soma mais uma derrota por 3-1 em reduto alheio na presente fase de grupos da liga milionária e permanece no último lugar do grupo G, com três pontos. Já o Lyon segura o segundo lugar, com sete pontos, a dois do líder RB Leipzig e com três de vantagem sobre o FK Zenit.
Onzes Iniciais e Substituições:
Olympique Lyonnais: Anthony Lopes Léo Dubois, Andersen, Denayer, Koné; Thiago Mendes, Lucas Tousart, Aouar (Marcelo, 90´), Reine-Adélaide (Traoré, 73´); Depay (Cornet, 45´), Dembélé.
SL Benfica: Vlachodimos, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro (Jardel, 12´), Grimaldo; Florentino, Gabriel, Gedson (Seferovic, 45´), Cervi (Pizzi, 73´); Chiquinho, Vinícius.
A Figura
Houssem Aouar – Se o trabalho de Michael Faraday fosse um jogador de futebol do Lyon, esse futebolista seria Houssem Aouar. É o motor, o transformador e o gerador da equipa francesa. Na sombra da fama de Depay, vai retirando o proveito e vai perfumando o relvado do Parc Olympique Lyonnais com um futebol simples, mas magistral. Joga – muito e bem – e faz jogar. Excelente exibição do médio francês (ainda que médio seja um termo redutor para o definir).
O Fora De Jogo
Carlos Vinícius – O avançado brasileiro escolheu o pior jogo para baixar drasticamente de forma. Foi difícil perceber se Vinícius passou ao lado do jogo ou se o jogo passou ao lado de Vinícius. Fácil foi perceber que Vinícius não devia ter completado os 90 minutos. Não cumpriu o esperado, nem muito menos o exigido. Espera-se uma resposta convincente na próxima oportunidade, que, certamente, lhe será dada."
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