"No dia 30 de Junho de 2001 (sim, caro leitor, já no século XXI), nascia Felipe Rodrigues da Silva, conhecido no mundo do futebol como Morato. Desde cedo ingressou na prática futebolística ao serviço da Portuguesa, clube de São Paulo, cidade da qual o jogador é natural.
Ainda ao serviço dos iniciados da Portuguesa, era possível detectar qualidades diferenciadas no jogador, qualidades essas que convenceram o São Paulo a recrutar o jovem de apenas 15 anos para os seus escalões de formação.
Já ao serviço do “tricolor paulista”, o jogador começou a destacar-se rapidamente, mas seria na Copa de São Paulo de Futebol Júnior, já em 2019, que o jogador captou a atenção do futebol europeu. Um dos melhores jogadores do torneio, Morato ajudou a sua equipa a chegar ao título, tendo mesmo convertido um dos pontapés de grande penalidade na final, frente ao Vasco da Gama.
A “Copinha” (termo pelo qual este torneio é conhecido no país do samba) tem um longo historial de jogadores revelados: Neymar, Casemiro, Marquinhos, Kaká, Lucas Moura etc. Todos estes jogadores brilharam na “Copinha”, subiram à equipa sénior no ano seguinte e viriam mais tarde a transportar a sua qualidade para os estádios europeus.
No entanto, as boas exibições e o enorme potencial que o jogador demonstra ter, levaram o Benfica a pagar cerca de 6 milhões por 85% do passe do central Brasileiro.
Morato chega à luz sem nunca ter efectuado sequer um minuto no futebol sénior. Contudo, o jogador compensa a falta de experiência com o alargado leque de qualidades do qual dispõe.
Começando logo pela sua morfologia, Morato é um jogador de estatura elevada (1,90m), mas demonstra ser anormalmente ágil para a sua estrutura física. Muito agressivo nas bolas divididas, ganhando a maior parte dos duelos defensivos. A capacidade de antecipação é uma das suas melhores “armas” e esta característica já foi observável no jogo da Youth League frente ao RB Leipzig, onde o jogador esteve muito bem na leitura do jogo.
Já com a bola nos pés, o jovem de 18 anos é igualmente competente e tem muita margem para evoluir. Sem medo de dominar o esférico, Morato é muito forte na tomada de decisão sendo capaz de diferenciar os momentos ofensivos ao longo do jogo e optar por bolas curtas ou mais longas conforme o exigido pelo posicionamento dos colegas, aliando assim a boa decisão à execução positiva. É sem dúvida uma mais-valia na primeira fase de construção.
O ex-tricolor usa preferencialmente (e com qualidade) o pé esquerdo, algo não muito comum num central, mas tem igualmente um bom pé direito. Na equipa de juniores dos paulistas ambos os centrais eram canhotos, mas Morato ocupava o lado direito do setor central da defesa, fruto do bom uso que dá ao seu pé direito. Podemos até considerar Morato um atleta relativamente ambidestro.
O jovem apontou Sérgio Ramos como o seu ídolo na posição. É possível detectar alguma influência do jogador do Real Madrid no jogo do jovem brasileiro, havendo já algumas semelhanças (à escala, obviamente) entre os dois atletas. A capacidade de sair a jogar ou a aptidão para marcar grandes penalidades são as semelhanças mais evidentes.
O grande obstáculo que o jogador terá de ultrapassar será a adaptação ao jogo europeu e sobretudo à sua vertente táctica. Recentemente Renato Paiva, treinador da equipa B dos encarnados, afirmou que Morato ainda tem que compreender melhor a realidade defensiva e táctica do Benfica.
Noções como o controlo da profundidade, o posicionamento defensivo, o controlo do espaço ou a situação dos apoios, são questões que não estão muito presentes no jogo do atleta, terão pois que ser absorvidas.
A contratação de Morato segue um padrão de contratações que o Benfica tem seguido nos últimos defesos. Os responsáveis encarnados identificam a posição de defesa central como uma das mais deficitárias na academia do seixal. De forma a tentar resolver esta lacuna o Benfica tem apostado na contratação de jovens centrais com potencial. Lystov, Kalaica, Bajrami e agora Morato são exemplos dessa política.
Morato chega ao Benfica como um autêntico diamante em bruto, o seu potencial está à vista de todos, mas a inexperiência do central pode levantar algumas questões sobre o seu valor a curto prazo. No entanto, o central conseguiu já, de forma bastante célere, convencer Bruno Lage e poderá mesmo integrar desde já os trabalhos da equipa principal. A sua ética de trabalho tem impressionado a estrutura dos encarnados e a sua primeira exibição de águia ao peito deixou indicações muito positivas sobre o futuro do brasileiro.
Teremos agora que acompanhar a evolução de Morato na equipa B, de Renato Paiva. Não ficaria surpreso com a sua inclusão, a médio prazo, no plantel principal, ultrapassando mesmo Conti e Pedro Álvaro. Tem potencial para tal."
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