"Hoje, finalmente, Bruno de carvalho e Mustafá vão ser ouvidos pelo juiz de instrução do Tribunal do Barreiro. Se os tempos da justiça e das reivindicações laborais dos funcionários judiciais assim o permitirem, será provável que fiquemos a saber o que decidiu o juiz, relativamente ao ex-presidente do Sporting e ao líder da maior claque dos leões. Caso contrário, corremos o risco de mais umas horas de direitos feitos daquilo que, na gíria, vulgarmente se qualifica de «encher chouriços».
Basicamente, o dia mediático de ontem foi passado entre uma mão-cheia de nada e a outra cheia do mesmo, numa realidade estática feita de grandes planos, perguntas lapalicianas, lugares-comuns, portas fechadas e perseguições no trajecto tribunal-prisão. Uma fórmula já vista noutras situações, com indicados célebres de áreas distintas do futebol, o que nos leva obrigatoriamente a concluir da sua eficácia na captação de audiências. Provavelmente, quem se coloca em frente ao ecrã como se estivesse a sintonizar a Zen-TV, fá-lo não pelo que está a ver mais sim pela presunção de poder vir a ver alguma coisa interessante. A chamada informação/espectáculo, que tem no Brasil o expoente máximo e entre nós foi patenteada por Artur Albarran durante o primeiro conflito do Golfo, parece ter ganho definitivamente a guerra a outras formas mais sóbrias de apresentar e hierarquizar as matérias. É esta a conclusão inevitável a que se chega quando se verifica que já deixou de ser excepção de um só canal e passou a ser norma de quase todos. Como diria o saudoso Jorge Perestrelo, que fazia de cada relato de futebol o maior espectáculo do mundo, «ripa na rapaqueca, é disto que o meu povo gosta!»
José Manuel Delgado, in A Bola
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