"Benfica com'pouca baliza' (e não só) na primeira parte. Tudo foi diferente após o intervalo, e o resultado até peca por escasso
Muito curto
1. O primeiro jogo oficial da época para o Benfica foi uma espécie de primeira mão da meia-final de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões (se passar, defrontará na final o PAOK ou o Spartak de Moscovo), com estádio cheio e ambiente fantástico, aspecto muito importante para os jogadores. O Benfica apresentou-se no seu 4x3x3 habitual, sem surpresas em relação ao onze esperado, e até entrou bem, com um lance em que parece haver penálti sobre Cervi (e com castigo máximo e expulsão, a história do jogo poderia ter sido outra) - faço aqui um parêntesis para vincar que numa competição tão importante, que envolve tantos milhões, é incrível não haver árbitro de baliza nem (sobretudo) VAR. Apesar dessa ameaça logo no arranque, a primeira parte foi equilibrada. O Benfica, ofensivamente, foi pouco intenso, pouco móvel, pouco agressivo, pouco veloz, com poucos envolvimentos e com pouca baliza, colocando pouca gente em zona de finalização (Pizzi, em particular, muito recuado) e com circulação de bola muito estéril. O Fernerbahçe, equipa com qualidade e experiência, conseguiu controlar bem o ataque encarnado e levar muitas vezes o jogo, em posse, para o meio-campo adversário, mesmo sem causar perigo face ao comportamento defensivo das águias, que nunca estiveram em risco. Praticamente não houve oportunidades.
Quem os viu
2. Após o intervalo comprovou-se o que já se tinha visto na pré-época: um Benfica bipolar, com duas caras, naquilo que é capaz de apresentar em campo entre uma parte e outra (seja da primeira para a segunda, como foi o caso, ou da segunda para a primeira). Em tudo aquilo em que tinha sido pouco, o Benfica foi mais, do ponto de vista ofensivo: mais intensa, mais móvel, mais agressiva, mais veloz, mais desinibido, mais criativo, com mais envolvimentos e combinações, com mais baliza, com mais risco, com mais vertigem, mais gente a surgir na área adversária - Pizzi, sobretudo, ganhou metros, apareceu mais na frente, o próprio Gedson também (mostrou, mais uma vez, que é um projecto muito interessante de jogador), mesmo que o Benfica nunca tenha conseguido impor, no corredor central, a envolvência que demonstrou nos corredores laterais. E Rui Vitória esteve bem ao lançar Castillo por Ferreyra, já que a equipa precisava ali de uma referência mais vincada (até do ponto de vista físico), capaz de abrir mais espaços. Quando o Benfica marca, já estava dono e senhor do jogo, sentindo o adversário cada vez mais frágil. Estratégia ou impotência do Fenerbahçe? Pareceu o segundo caso, com muito mérito de um Benfica soltinho e com óptima condição física que levou por completo o jogo para o meio-campo do adversário, obrigando-o a praticamente só defender. A vantagem é curta mais importante, acabando o resultado por pecar até por escasso. Por aquilo que fizeram na segunda parte (apesar das poucas oportunidades de parte a parte), os homens da Luz mereciam mais um golo.
Sem 'matador'
3. Ferreyra não apareceu, Castillo mexeu com o jogo, mas, ainda assim, longe de poder fazer esquecer... Jonas. Sobretudo na segunda parte, com tanto volume de jogo ofensivo a chegar à área do Fenerbahçe, sentiu-se a falta do instinto matador do brasileiro e das suas movimentações.
Última nota: do meu ponto de vista, Cervi foi o melhor em campo, e não apenas pelo golo."
Vítor Manuel, in A Bola
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