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sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Sporting e o cinema

"Actual universo verde e branco projecta-me para o mundo de Chaplin, recuperando o extraordinário mas patético 'Grande Ditador'

Hoje vou falar de cinema. E também, como é natura, do Sporting Clube de Portugal. Duas paixões que, desde muito novo, venho acalentando e que, ainda hoje, são susceptíveis de me surpreender quer pela positiva quer pela negativa. Suscitam e potenciam os mais diversos e multifacetados sentimentos por força, sobretudo, de forte impacto que conseguem criar no sempre extraordinário ecran da vida através de expressões cénicas e décors de indiscutível qualidade. No fundo, quer queiramos quer não, como que sentimos uma plena identificação entre as nossas vivências e as histórias e sentimentos que os mestres da 7.ª arte e os actores nos proporcionam, sendo também evidente a felicidade de todos aqueles momentos em que voltamos a ser os meninos a quem todo um mundo de fantasia, glória e aventura é permitido. Os mesmos meninos que, em Alvalade, vitoriavam e incentivaram os seus ídolos, esperando, com ansiedade, à porta 10-A, por um autógrafo ou por um mero sorriso daqueles que, em circunstância alguma, perdiam a qualidade de heróis tanto na vitória como na derrota. Por isso, recuo no tempo e sinto saudade do Cinema Paraíso, lembrando, sobretudo, a inocência que o reino do leão parece já não contemplar. Tenho de confessar, porém, que o actual universo verde e branco me projecta para o mundo de Chaplin, recuperando o extraordinário mas patético Grande Ditador que, de uma forma grotesca, brinca com um mundo que sabe estar perdido. Por isso, temos de reconhecer, por muito que nos curte, que o nosso leão (não o da MGM) se debate com um mar de vagas alterosas, a exigir bonança, mas não uma bonança qualquer, pois, não gostaria de, em breve, voltar a dizer que Há Lodo no Cais ou que uma nova Revolta na Bounty havia eclodido. É que na Janela Indiscreta que persistimos em não fechar, mantemos a mesma preocupação que nos vem assaltando desde há algum tempo, em particular, desde a projecção em Alcochete dos célebres Feios, Porcos e Maus. De uma vez por todas temos de estar cientes de que urge lutar por um futuro melhor e não ficar, serenamente. À espera de um milagre. Terão lugar, como é hábito, diversas movimentações com Os Suspeitos do costume em especial destaque, mas temos consciência de que o tempo de é Tudo Bons Rapazes já acabou. Prosseguir os nossos sonhos será um propósito inquestionável. Uma obrigação colectiva em favor do interesse geral. A razão? A Vida é Bela."

Abrantes Mendes, in A Bola

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