"Aventuras e percalços de uma prova mistério organizada pelo Sport Lisboa e Benfica
Nos finais dos anos 20, surgiu em Portugal um interesse generalizado pelos desportos motorizados. Era a época do culto da velocidade e da máquina, celebrada sobretudo com carros e motociclos numa simbiose perfeita. Um pouco por toda a parte surgiram provas de velocidade, perícia, resistência, iniciativas às quais o Benfica não ficou indiferente, tendo criado a sua secção de motorismo em 1932. Foi neste contexto que a secção de motociclismo do Clube desafiou os seus sócios a realizar, no dia 5 de Março de 1933, uma prova mistério com um percurso compreendido entre 100 a 120 quilómetros, nas redondezas de Lisboa. Os mais destemidos apenas teriam de se dirigir à Secretária do Clube, situada na Rua do Jardim do Regedor, e pagar 10 escudos de inscrição.
No dia da prova, foi larga a afluência de público ao Campo das Amoreiras, palco central desta inédita aventura desportiva em duas rodas. As partidas começaram a ser dadas às 13h45, prolongando-se até as 14h25. Aos 24 concorrentes, foi entregue uma carta contendo o itinerário e as médias a percorrer, que só poderia ser aberta já em pleno andamento.
Tendo por pano de fundo e triângulo Lisboa-Sintra-Cascais, a prova mistério contava com controlos obrigatórios em Carcavelos, Rio de Mouro, Sintra, Belas e Cascais e exigia perícia e um bom sentido de orientação. Porém, ao longo do caminho muitos foram aqueles que se enganaram no percurso, o que levou a inúmeras faltas por parte dos concorrentes. Peripécias não faltaram aos motociclistas, caso de Thomaz Quartim que seguiu por equívoco pela estrada das Azenhas do Mar e, por isso, foi altamente penalizado à chegada. Um dos concorrentes foi forçado a desistir da prova por avaria mecânica da sua moto. Em alguns casos, os motociclistas não souberam identificar os postos de controlo, passando por eles sem efectuar a devida validação.
Nos localidades onde estavam instalados os controlos, o público saudava de forma entusiástica todos os participantes em prova. Por volta das 17 horas, os concorrentes começaram a chegar à meta com pequenos intervalos de distância entre si. Depois de elaborados todos os cálculos e penalizações, a vitória foi atribuída a Cristiano Pais Soares, que efectuou uma média de cerca de 40-50 Km/h ao longo do percurso.
Pode conhecer mais sobre os desportos motorizados ao longo da história do Benfica na área 4 - Momentos Únicos do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ricardo Ferreira, in O Benfica
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