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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ciclismo sobre rolos, uma novidade desportiva

"Vitória do Benfica e de José Maria Nicolau na primeira apresentação das corridas de bicicleta sobre rolos, em Lisboa.

«A última novidade do desporto moderno», era assim anunciada a primeira sessão de provas de ciclismo sobre rolos, na capital portuguesa. O espectáculo, já com bastante êxito nas grandes cidades europeias, prometia todas as emoções das corridas em pista. Provocavam grande interesse no público, que tinha a sensação absoluta do esforço dos ciclistas.
O modelo das ciclistas foi inventado pelo campeão do mundo de ciclismo, o suíço Oscar Egg. O aparelho era 'constituído por dois rolos ligados a um mostrador graduado, sobre o qual giram dois ponteiros, cada um deles ligado, por seu torno, ao rolo respectivo. Cada volta completa do ponteiro corresponde a 500 metros'.
O espectáculo foi promovido pelo jornal Os Sports, a 4 de Março de 1933. O local escolhido foi o grande salão de cineteatro Capitólio, que registou uma enorme enchente. Os lisboetas esgotaram rapidamente a lotação 'tendo ficado provado de entrada grande número de pessoas, por falta de bilhetes'. O programa incluía um torneio em poule para a disputa da Taça J.J. Mendes Arnaut e uma prova entre o sportinguista Rodrigo Garrido, campeão nacional de velocidade, e o benfiquista Eduardo Santos.
No torneio, tomaram parte alguns dos mais famosos 'ases do pedal': José Maria Nicolau, Abílio Gil Moreira e Valentim Afonso, do Benfica; Prudêncio Carneiro e Francisco Assunção Silva, do Sporting; e João Francisco, do Campo de Ourique. Os seis corredores disputaram, ao todo, 15 corridas de 3 Km cada. Ao sinal da partida, iniciavam a marcha e os ponteiros começavam logo a girar, marcando a distância percorrida por cada um.
O espectáculo decorreu sempre animado, 'granjeou aplausos gerais, mas, tendo agradado a todos, não foi por todos compreendido no grau de esforço violentíssimo que exige dos atletas em competição'. Nas provas mais renhidas, os ciclistas davam o seu máximo a pedalar e, no final, 'saiam cambaleantes de sobre a máquina, porque os músculos das pernas se negavam a agir ainda'.
No final da poule, José Maria Nicolau e Gil Moreira ficaram empatados com quatro vitórias cada, sendo necessário recorrer a uma prova de desempate. Nicolau, decidido a ganhar, superou o colega de equipa e venceu com o melhor tempo da noite: 3 minutos e 32 segundos. O conceituado ciclista do Benfica conquistou a taça que ficava 'em poder do club a que pertença o primeiro classificado' e ainda estabeleceu dois novos recordes, dos 500 metros e dois 1000 metros.
Pode conhecer mais façanhas do ciclismo benfiquista na área 3 - Orgulho Ecléctico do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ana Filipa Simões, in O Benfica

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