"Benfiquistas ou não, foram vários os artistas que fizeram questão de colaborar com a causa 'encarnada'.
Ao longo do ano de 1953, a Comissão Central do Novo Parque de Jogos realizou diversas acções de angariação de verbas para o Fundo de Construção do Estádio do Sport Lisboa e Benfica. Foi dessa comissão que partiram iniciativas de grande alcance como o Pavilhão da Feira Popular, o Sorteio Monumental ou os Saraus Culturais. Estes últimos foram exemplo ímpar da mobilização de grandes figuras do panorama artístico nacional em prol da causa benfiquista. Nem 'a voz de Portugal' faltou.
Foram vários os artistas da música, do teatro e da rádio que, benfiquistas ou não, fizeram questão de colocar a sua arte à disposição do Benfica, colaborando nas Campanhas Pró-Estádio. Amália Rodrigues (1920-1999) não foi excepção. Numa pausa entre digressões, 'a mais internacional de todas as artistas portuguesas' fez questão de ceder a voz 'que as mais exigentes plateias das principais capitais do mundo têm aplaudido' à causa 'encarnada'. Mas engane-se quem pensa que o coração de Amália era rubro. A fadista era 'belenense desde garota', contou-o a própria ao jornal O Benfica, acrescentando que 'os irmãos eram Carcavelinhos e ela, para os arreliar, fez-se Belenenses, dando alimento à velha rivalidade Alcântara - Belém'.
O espectáculo teve lugar no dia 14 de Agosto de 1953, precisamente dois meses depois de, 'à enxadada', se ter dado início às obras do Estádio. 'O cenário (...) foi o vasto Teatro Politeama, totalmente repleto de um público ávido de aplaudir', onde desfilaram 'cinco «estrelas» do firmamento artístico da nossa terra, acompanhadas por duas grandes atracções internacionais com o talento e o virtuosismo do grande maestro Carlos Dias ao piano'. E a apresentação esteve a cargo 'de Artur Agostinho, um locutor que não é do Benfica mas que ao Benfica sente prazer em dar a sua colaboração'.
Depois das actuações de Nina Monteiro, Gina Esteves, João Azevedo, Juanita Cuenca, Alzirinha Camargo e Milu, foi a vez da 'grande Amália Rodrigues' subir ao palco. 'Recebida pela assistência de pé, foi obrigada a cantar nove números!'. Amália cantou 'com extraordinária vibração, inteiramente «à Benfica»'. O público 'escutou deliciado e aplaudiu com enlevo'.
O Museu Benfica - Cosme Damião é muito mais do que o museu de um clube, por isso nele também está representada Amália, assim como outras figuras incontornáveis da cultura portuguesa."
Mafalda Esturrenho, in O Benfica
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