"Os clubes da primeira Liga portuguesa, com excepção dos 3 grandes, reuniram-se na cidade do Porto, curiosamente na cidade em que está sediada a Liga de clubes, para debater o futebol nacional. No final da reunião, surgiu um desafio aos árbitros para assumirem a paragem que prometeram fazer, nos jogos em que participem os 3 maiores clubes. A justificação foi dada baseando-se no comportamento destes clubes, que têm criado um clima de permanente conflito no futebol nacional. Afirmou-se que era impossível continuar assim, e que os 3 grandes tinham que perceber, de uma vez por todas, que sem as restantes 15 equipas não há campeonato. Afirmou-se igualmente que, em último caso, Governo da República teria de intervir.
Este quadro não é novo, bem pelo contrário, têm décadas. Nos anos 90 participei em muitas reuniões sobre esta matéria, bem como alguns dos dirigentes que estiveram agora presentes. O problema central não são os grandes e os outros. O G15 ou o G18. Importante é perceber que o sucesso da Liga passa pelo equilíbrio competitivo entre os seus intervenientes. O modelo de financiamento da competição bloqueia esse objectivo. Contudo, deu-se destaque ao que realmente tem mediatismo, a arbitragem, quando a centralização dos direitos televisivos foi enviada para um plano de menor destaque.
A criação de uma entidade autónoma para gerir a arbitragem é, com todo o respeito, uma mudança conjuntural. A arbitragem faz parte do jogo e deve estar na estrutura organizativa da competição. Alterar o modelo de financiamento das competições profissionais é a medida estrutural mais importante de ser assumida, para que o futebol profissional tenha condições de sucesso. Caso contrário, continuamos com umas intromissões pontuais na luta habitual.
Na verdade, participem nas competições profissionais 33 clubes/SAD, sendo que cinco desta têm equipas B a competir na 2.ª Liga. Todos com assento na LPFP e a sua AG. A Liga é... o G33!"
José Couceiro, in A Bola
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