"Um director de Recursos Humanos que acaba de despedir funcionários. Uma dona de casa que vai às compras e estaciona o carro no lugar reservado a pessoas com deficiência. Um atleta que se tornou um símbolo de um clube e, por dinheiro e protagonismo, muda para a equipa rival. Todos eles, à noite, se deitam com a consciência tranquila. O director porque estava a cumprir ordens, a dona de casa porque não ia demorar muito, o atleta porque a conta bancária e a vaidade valem mais do que a paixão clubística.
Podem ser criticados por isso?
Podem, claro. Mas é o mundo em que vivemos. Se eu ou um outro qualquer adepto do SL Benfica vemos um acto de traição, estamos nesse direito. Foram muitos anos de camisola vermelha, muitos anos de apoio incondicional, muitos anos a aceitar comportamentos criticáveis e a acreditar na recuperação do homem e do atleta.
O atleta não há dúvidas que está recuperado, resta saber até quando e se será possível manter a eficácia competitiva sem uma verdadeira equipa e treinador-formador de homens a apoiá-lo. Do homem, esse é um problema do próprio. No início da carreira, já o saltador em comprimento e triplo tinha trocado o SL Benfica pelo FC Porto. Agora foi a vez de dar um salto atrás e ir para Alvalade.
Movido por um contrato chorudo e pela visibilidade mediática que sempre apreciou, Nelson Évora vai agora fazer o caminho dourado para a reforma. Até aos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, muito se vai passar.
Esperto como é, não tenho dúvidas de que o atleta já tenha do seu lado os valores referentes à contratação e aos ordenados dos próximos quatro anos. É que pelo andar da carruagem e pelo carácter dos dirigentes, se não os tiver, bem poderá ficar a arder. Ou terá de saltar para outras paragens. De preferência longe daqui."
Ricardo Santos, in O Benfica
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