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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Olímpica elegância

"Os Jogos Olímpicos são competição especial e diferente. Em tudo. Os louros são dos atletas que se destacam e atingem limiares superiores. De prestígio, de ascensão social, financeiros. A atitude na competição olímpica deve estar em conformidade. Não chega a superação, a classificação de destaque, a medalha. O fair-play, o respeito pelo adversário, juízes, dirigentes, público e sociedade que representam são padrões que distinguem o verdadeiro campeão no contexto olímpico, ganhador ou não do ouro desejado.
Pela elegância de comportamentos, mais do que pelas medalhas, emergiram atletas como verdadeiros modelos sociais. O esgrimista checo Jiri Beran, que sofreu muito para chegar ao Rio, com lesões graves pelo caminho, a 27 segundos do final precisava de um ponto para bater o brasileiro Athos Schwantes. Atacou forte o adversário. O árbitro marcou a seu favor. Ele recusou, argumentando que tinha tocado em si mesmo e por isso a luz acendeu. Perdeu o foco com a agitação que se seguiu e foi eliminado. Disse 'Só fiz o que um gentelman faria'
Nos 5000 metros, a neozelandesa Niki Hamblin caiu e atingiu a americana Abbey D'Agostino que por isso também caiu, mas não continuou sem ajudar a levantar a adversária. Alguns metros depois D'Agostino parou com dores. Hamblin ficou para trás e ajudou-a a terminar a prova, mal classificadas.
No concurso geral de ginástica artística o ucraniano Oleg Verniaiev esteve sempre à frente em competição renhida com o japonês Kohei Uchimura. Na barra fixa, 6.º e último aparelho Uchimura passou 0,999 pontos para a frente e ganhou o ouro. Verniaev revelou superior elegância ao abraçar de imediato o adversário, numa atitude franca e amizade que caracterizou a generalidade dos ginastas ao longo da competição olímpica.
Exemplos e elegância e desportivismo de atletas verdadeiramente olímpicos incompatíveis com arrogância ou gritos de raiva e desafio. Os valores revelam-se naturalmente na derrota e na vitória."

Sidónio Serpa, in A Bola

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