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quinta-feira, 19 de maio de 2016

O título de Vitória 'vs.' Jesus

"Jesus: tudo a seu favor logo no início. Vitória: tudo contra si. Mas tiros de canhão atingiram... quem os disparou!

Pode discutir-se qual foi a equipa com futebol mais vistoso, neste ou naquele jogo e em determinado período (quanto a mim, o Sporting: na Luz e, nas últimas 3 jornadas, pujante no Dragão, em Braga, e, pelo meio, em Alvalade, no 5-0 ao V. Setúbal; estava fresquinho; e o Benfica fatigado por duros confrontos na Champions).
O que não se pode é pôr em causa o mérito do Benfica: excelente campeão. Evidente.
- Atingiu 88 pontos (!),batendo o recorde estabelecido pelo grande FC Porto de José Mourinho.
- Marcou impressionante número de golos: também 88. Sofrendo apenas mais 1 do que o Sporting (o golo no derradeiro minuto, já com a Luz em monumental festa).
- Ou seja, pontos e golos à média de quase 2,6 por jornada!
- Muito mais do que isso - melhor: na base de tudo isso -, o Benfica foi capaz de excepcionais recuperações!
Extraordinária a que desencadeou dentro de si próprio (parecia liquidado no final de Outubro...)! A partir daí, quando tinha atraso de 12 pontos (7 para o Sporting, 5 para o FC Porto), lançou-se em tenaz perseguição, dita impensável, e, com 13 vitórias consecutivas, agarrou o Sporting, no início de Fevereiro. De imediato se espalhou, frente ao FC Porto, na Luz. Mas reagiu assim a esse trauma anímico: até ao final, mais 12 triunfos a fio. Ou seja: em 26 jornadas, 1 derrota, 25 êxitos. Se isto não é ter estofo de campeão...

Jorge Jesus cumpriu o que prometera: ergueu o Sporting ao nível de renhida disputa do título. Porém, indiscutível: é Rui Vitória o grande triunfador desta temporada. Campeão, Champions entre os 8 melhores, com 2 vitórias sobre o multimilionário Zenit de Villas Boas, Hulk, Garay, Javi Garcia, Witsel, e apenas 2-3 perante o colosso Bayern de Pep Guardiola (com o que isso significou de imediato grande encaixe financeiro, mais alta valorização de jogadores, da qual Renato Sanches é o primeiro exemplo, decerto não único...) e, amanhã, final da Taça da Liga.
Acontece que estes concretos resultados nasceram de onde Rui Vitória foi brilhante!: reconstruir o tal Ferrari, subitamente gripado, e ter mãos para o pilotar até tão evidentes êxitos.
Jorge Jesus teve tudo a seu favor.
Rui Vitória teve tudo contra si.
Jesus, graças ao enorme mérito de ser bicampeão, teve Sporting galvanizadíssimo com a sua chegada. Vitória encontrou Benfica muito dividido sobre a decisão de mudar treinador e, rapidamente, ainda mais desconfiado sobre a capacidade do novo técnico.
Jesus preparou a temporada, no essencial, como quis. Vitória levou - é o termo! - com detestável pré- -época para quem está a chegar: desastrosa digressão americana, sem tempo para treino... crucial!
Jesus teve plantel reforçado logo de início - embora com o dissabor de perder Carrillo... - e ainda mais em Janeiro (total: 12 aquisições). Vitória acrescentou à partida de Maxi ter ficado sem Lima mal começara a tal digressão. E só mais tarde, à última hora, Mitroglou e Jiménez foram contratados (não é assim que se prepara uma época, sobretudo havendo novo treinador sem tempo e meios para assentar jogo). Vitória lançou Nélson Semedo e depressa o viu lesionado para largos meses. Também por lesões, por muito tempo não teve Salvio, Luisão, Lisandro, Fejsa, Júlio César, Gaitán (nada menos!). Depois de tirar do bolso os miúdos Nélson e Gonçalo Guedes, o mesmo foi fazendo com Renato Sanches, Lindelof, Ederson!... É senhora obra!
Jesus falhou acesso aos largos milhões da Champions, falhou carreira na Liga Europa, falhou Taças de Portugal e da Liga. Apostar tudo no campeonato deu nisto... Vitória projectou o Benfica para alto nível na Champions e na sua catadupa de euros. E decidirá amanhã conquista da Taça da Liga. Alguma dúvida possível sobre qual foi a melhor equipa nesta temporada?!!!
Preciosa ajuda ao Benfica, no reencontro com capacidade e ganas, veio de crassos erros sportinguistas na dita comunicação!... Do presidente que desencadeia guerras em série, desmedidamente contra tudo e todos!, ao próprio treinador: o Ferrari sem piloto com mãos para ele; máquina da Luz à deriva porque perdera o cérebro (jogadores do Benfica, evidentemente, espicaçados!); o sucessor que ganhara bola e agora saía da toca.
Supostos tiros de canhão atingiram... quem os disparou!"

Santos Neves, in A Bola

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