"1. Há mais de vinte anos - em rigor vinte e um - iniciei a minha honrosa colaboração neste jornal. Agora complementada com a BOLA TV. Este foi sempre um jornal de referência em casa dos meus saudosos e queridos Pais. Três vezes por semana entrava - então lançado da rua por um eficiente jornaleiro - por uma janela aberta por minha Querida e Saudosa Mãe. E nos dias de chuva a janela era aberta, tão só, no instante em que se escutava a voz, bem estridente, que anunciava a chegada das notícias. Os jornais só chegavam a Viseu bem depois do almoço. E ao fim da tarde lia alguns artigos deste jornal ao meu Querido e Saudoso Pai. Desenvolvia, diziam, a leitura. Dava voz a textos fantásticos e também aprendi nomes que nunca pensei vir a conhecer pessoalmente. Menino mimado de Viseu cheguei aos dez anos a Lisboa, conheci o Estádio da Luz, frequentei com orgulho - repito com orgulho! - o Colégio Militar e, em cada domingo, tive o privilégio e o prazer de ver centenas de jogos ao vivo nos grandes palcos do futebol em Portugal. Na Luz principalmente, mas também, na companhia amável e disponível do agora Tenente André, no velho Estádio de Alvalade. Ou no lindo Restelo. Ou, até, na Tapadinha. Menos, assumo, no Oriental, no Casa Pia ou nos Olivais. Mas em Alvalade, recordo, ainda com peão e pista de ciclismo! Onde, por vezes, tinha de acompanhar, com todo o aprumo, o meu Tio Avô o Almirante Armando Roboredo, um dos orgulhosos fundadores dos Fuzileiros Navais de Portugal. Recordo por isso bem a primeira crónica, a 7 de Março de 1995. Saudando o novo diário e afirmando o desafio aliciante e a responsabilidade permanente a que me sentia vinculado. E não esqueço as palavras que o Senhor Meu Pai me dirigiu, em carta, logo nessa terça feira desse bem distante Março: «Escrever nesse jornal de referência tem de ser um acto de entrega e de profunda disponibilidade». Não esqueço nunca estas palavras. Mesmo nos instantes em que, por circunstâncias extraordinárias dos tempos que vivemos somos atingidos por dores que nos abalam mas não nos vergam. Aprendi ao longo das mais de mil crónicas que aqui escrevi que o nosso dever é dar em cada semana - agora ao domingo - sem esquecermos a nossa cor clubística, a nossa visão dos factos e dos seus pro- tagonistas. E olhar para o desporto com emoção mas sem perdermos a razão. E sentir o futebol com paixão mas sem abdicarmos da nossa visão. E sabermos que, por vezes, e perante certos acontecimentos, incluindo pessoais, o silêncio é bem mais relevante que a momentânea explosão. E graças à amizade do Doutor Paulo Cardoso regressei a esse primeiro dia. Em que bem ao lado, - diria sempre ao lado - o Director Vítor Serpa escrevia o seu editorial - sempre com o seu português perfeito e a sagacidade da análise - com o sugestivo título: «Andam os grandes agitados»... E terminava proclamando que «o Sporting é, em si mesmo, a contradição da surpresa. Possível é sempre tudo. De bom e de mau. Quase diríamos, o Sporting é um clube de aventura. Ao menos, um clube assim não conhece o tédio»!
2. Ontem como hoje!
Ontem como hoje os grandes andam agitados. Num tempo de dificuldades financeiras pressentia-se que o acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões seria o objectivo principal dos grandes clubes. E, aqui, e este ano, Benfica e Sporting sabem que o alcançaram. Entre nós não há a busca de uma melhor classificação final em razão de um melhor prémio financeiro interno como ocorre na renhida e atractiva Liga inglesa. Entre nós Benfica e Sporting garantiram, acredita-se, o acesso aos milhões da Liga dos Campeões, independentemente de haver razões jurídicas que limitem o acesso ao prémio desportivamente conquistado. Mas, e para além destas razões relevantes, percebemos, também no futebol, que há um regresso à soberania. Há um regresso diríamos que às fronteiras. Mais importante que a Europa é a conquista interna. Mais relevante que os milhões da Europa é o título nacional. E, a assim, a agitação interna é contagiante e apaixonante. Os grandes refugiam-se na conquista interna. O Benfica procura e busca, com fervor, o tricampeonato. O Sporting deseja e anseia pelo título. E, no meio, podendo ser determinante, o Futebol Clube do Porto, com a reeleição do seu Presidente, sente que um processo de reconstrução, é uma exigência bem imediata. Ontem como hoje os tempos estão agitados. Ontem como hoje, mas em circunstâncias bem diferentes, os grandes estão agitados. Há vinte e um anos o Futebol Clube do Porto conquistou o campeonato, o Sporting ficou no segundo lugar e o Benfica de Artur Jorge limitou-se ao terceiro lugar. E foi o ano, recordemos, em que o Benfica, após ter perdido um jogo frente ao Sporting, protesta o cartão vermelho exibido por Jorge Coroado a Caniggia. A Federação dá razão ao Benfica e realiza-se, por sinal no Estádio do Restelo, - e a 14 de Julho! - o terceiro jogo que o Benfica vence com dois golos de Edilson. Mas, sempre em agitação, a FIFA vem ordenar a anulação deste jogo e considera válida a anterior vitória do Sporting. Por vezes a idade ajuda-nos a relativizar factos de hoje. Vividos com únicos. E, até, como singulares. Mas a agitação de ontem é, com as necessárias mutações, incluindo no novo pluralismo comunicacional, também a agitação de hoje. E tendo sempre presente, tal como Miguel Cervantes no seu imortal Dom Quixote, que «a história é émula do tempo, repositório dos factos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro»! Advertência do futuro, sublinho!
3. O Benfica joga hoje em Vila do Conde frente a um aguerrido e bem comandado Rio Ave. Jogo onde se devem conjugar humildade com superação. Vontade com fé. Crença no valor e partilha com os milhares de benfiquistas que vão dar cor, e vida, a Vila do Conde. Há vinte e um anos o Rio Ave não disputava o principal campeonato. Participa, sim, na época 96/97 e nas seguintes. E foi crescendo internamente e já ganhou projecção europeia. Recordo que nesse meu primeiro artigo neste jornal falava das competições europeias e referenciava clubes que tinham chegado aos quartos de final. Alguns deles continuam no topo, como Benfica, Barcelona, Juventus, Bayern, Porto, Arsenal ou PSG, entre outros. Mas alguns desapareceram, incluindo das principais competições internas, como o Parma, o Auxerre ou o Saragoça. Também no futebol há ciclos e mudanças. E muitas agitações. E, entre nós, os grandes andam mesmo agitados...."
Fernando Seara, in A Bola
Mais uma crônica nebulosa, olienta e pegajosa deste pseudo-cronista .Nada sobre a "reunião" no estàdio de alvalade,intitulada, modestamente, de "The Futur of the Football ???"...que contou com a presença amiga da 'marionnette' pedro proença. Nada sobre actuais "desventuras" do amigo Relvas ??? E também nada sobre a re-eleição do seu outro amigo, o j.n.pinto da costa ??? ( Foram estes os três protagonistas da almoçarada do 'Gambrinus', quando este SEABRA RASTEJANTE tinha a intenção de se candidatar a Presidente da FPF. Com tantos temas escaldantes, obviamente que este pseudo-comentador (bis...),prefere os assuntos planos, viscosos , para poder dar largas à sua capacidade de homem-engraxador.
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