"As entrevistas de Pep Guardiola, o catalão treinador do Bayern Munich, por altura do recente jogo com o Benfica, mostraram que se pode estar elegantemente no futebol, saindo das declarações agressivas, ressabiadas e repetitivas. Guardiola mostrou a sua inteligência, dando lições de como se pode comentar acontecimentos relativos a um jogo de futebol reconhecendo com elegância o valor do adversário, sem hipocrisias e estratégias de esperteza saloia, analisando factos e mantendo um tom civilizado. Culminou com a visita ao vestiário do Benfica no final do jogo em Lisboa, que a sua equipa ganhou, felicitando os portugueses pela capacidade demonstrada e forma como jogaram.
Já em jovem, na Academia do Barcelona para onde entrou aos 13 anos e permaneceu seis anos, se distinguia dos restantes companheiros pela atitude de trabalho empenhado em direcção a objectivos pessoais que tinha claros para si, bem como pelo interesse pela leitura, como me comentou um colega e amigo psicólogo espanhol que na época trabalhou naquele centro. Nos dezassete anos como jogador no clube que o formou, os últimos dos quais como capitão, ganhou o respeito de que foi alvo ao longo da carreira pela sua inteligente visão do jogo, capacidades técnicas e, também, pela sua atitude calma.
Guardiola deve ser seguido como modelo. Lamentavelmente, em Portugal pensa-se demasiado que faz parte do instrumental do treinador a voz grossa em tom elevado, o disparar em todas as direcções com especial incidência nos árbitros e adversários mais próximos, ou declarações de conteúdo pseudo-psicológico para supostamente afectar os adversários. Muitas vezes isso esconde um sentimento de inferioridade mascarado de superioridade e um medo que se tenta afastar, tal qual o rosnar do cachorro medroso. Guardiola revelou auto-confiança numa personalidade equilibrada. É um cavalheiro."
Sidónio Serpa, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!