"1. Ontem no Estoril a vitória merecida do Benfica relançou a nossa Liga. O Benfica ganhou dois pontos ao Sporting e agora sabe que tem todas as condições para conquistar o tricampeonato. Condições próprias. É evidente que ainda pode perder pontos. Como, naturalmente, os outros candidatos principais ao título. Mas é inequívoco que a opção tática de Rui Vitória ao intervalo - ao trocar os pontas de lança - foi uma opção acertada. Acertada e vitoriosa. E fica a sensação que o Benfica, num lance esquisito, marcou um outro golo. A câmara de baliza ajudaria esclarecer a nossa dúvida. E se fosse na final da Taça CTT - ou Taça da Liga - seríamos esclarecidos acerca deste lance. O que fica, no entanto, foram os três pontos. E a convicção que o Benfica, este Benfica, está a cada jornada mais forte, mais moralizado, mais entrosado. Sente-se vontade para vencer. E pressente-se que há intensa preparação para vencer. O que é uma conjugação vencedora. Diria que vitoriosa!
2. Na sexta feira o Sporting jogou em Alvalade frente ao Tondela. Hoje será o Futebol Clube do Porto em Guimarães. E com o Estádio lotado o que não deixa de ser relevante. Apesar da hora do jogo. Mas são os importantes direitos televisivos e a sua consequente e necessária programação a ditarem que os principais jogos se devem realizar entre as oito e as nove da noite. Em Espanha hoje o Real joga em Madrid às quatro da tarde, o Atlético de Madrid às seis e um quarto e o Barcelona às oito e meia. Em Inglaterra em regra só se joga às oito da noite à segunda feira. Mas em Itália joga-se igualmente para a televisão às oito da noite ao sábado e ao domingo. E, aqui, hoje com um interessante Milan-Fiorentina. São as necessárias contrapartidas dos patrocinadores. Como nos mostram os novos números dos contratos da NOS e da MEO. E com o Placard e as suas múltiplas apostas a conquistar cada vez maior número de adeptos. De todas as idades e de todas as classes. É uma aposta ganha como evidenciam os milhares de euros entregues pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nos últimos dias quer à Federação Portuguesa de Futebol quer à Liga de Futebol. Quer, igualmente, à Federação de Basquetebol e à Federação de Ténis o que demonstra as modalidades que atraem os apostadores. Mas, por cá, na sexta feira foi o primeiro contra o último da tabela classificativa. E terminou com aquele empate que surpreendeu quase todos e mostrou que, tal como em múltiplos espaços deste mundo tão incerto, há alguns que, num circunstancial desespero, assumem que as suas palavras são verdades indiscutíveis e indesmentíveis. Sabemos, a partir do Padre António Vieira e dos seus Sermões - que «se os homens dizem mal, falando verdade, é grande desgraça; mas se eles dizem mal, mentindo, não importa nada»! E não desconhecemos que Churchill já proclamava no século passado que a "atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença»!
3. Neste tempo de múltiplas violências que abalam o nosso Mundo e, logo, também os nossos espaço europeu e ibérico recordei igualmente aquele que para muitos foi considerado o Pai da História e das suas narrativas: Heródoto. Ele foi o primeiro a narrar o nascimento da violência, ou melhor, a sua transformação na denominada deusa Hybris. Como nos ensina num interessante e recente livro Maurício Murad - A violência no futebol - Heródoto conta-nos que essa deusa «é descrita como omnipresente (está em todos os lugares) e representa insulto, agressão, desrespeito, tortura, mutilação, morte.» Em resumo é apresentada como violência do corpo e da palavra e esta fica mais agravada «quando estamos em grupo, e piora ainda mais quando estamos em grandes grupos». Dois mil e quatrocentos anos depois de Heródoto o também conhecido como o Pai da psicanálise, Sigmund Freud, não deixou de analisar o comportamento do indivíduo quando inserido numa multidão e diz-nos que «quando uma pessoa está misturada à multidão, o seu comportamento é, via de regra, irracional». O que importa é que os reguladores actuem, os regulamentos se apliquem, as sanções sejam efectivas, o direito vença o torto! Todo e qualquer torto!
4. Também recordei nestes dias o denominado Museu Nacional do Futebol em Manchester. Museu que assenta, como outros, - entre os quais os emblemáticos e actuais museus do Benfica e do Futebol Clube do Porto - em sete pilares: História, drama, habilidade, fé, estilo, arte e paixão. Tudo o que nos leva a ser apaixonados por esta religião. Pela nossa cor. Pelo nosso clube. Aceitando pecados. Os pecados dos nossos! E esquecendo quase sempre aqueles que nos beneficiam. Estes são justificados. Os dos outros devem ser castigados. Duramente castigados. Por palavras e por actos. Daí que só em circunstâncias extremas se conheçam verdades da história. Dos fatos e dos números da história. Incluindo da história recente do futebol. Onde está, por exemplo, e na sua essência, a agora conhecida história do golo comprado. Aquele que a 18 de Novembro de 2009 foi marcado no Estádio de França num França-República da Irlanda para o acesso ao Mundial de 2010. E no ano passado ficámos a saber que a FIFA e Blatter pagaram 5 milhões de euros à Irlanda para esta se calar acerca daquele golo que William Gallas, após uma mão clara de Thierry Henry, marcou a poucos minutos do final da primeira parte do prolongamento e determinou o apuramento francês. E o que perturba é que se aceitou que o resultado em campo estava à venda!"
Fernando Seara, in A Bola
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