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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

São factos, simplesmente

"Rui Vitória vai participar com o Benfica na Champions e Jorge Jesus com o Sporting na Liga Europa. Ou seja, no âmbito da UEFA, Jesus destruiu o que Marco Silva construiu.

Dos três que se sentem com pernas para alcançarem o título de 2016, o Benfica foi o que menos se reforçou, ou aquele que encarou a época com a devida moderação, não contando, porém, com o investimento financeiro feito por Porto e Sporting, como se de repente, por golpe de magia, a crise que varre todas as actividades tivesse feito tréguas com o futebol indígena.
Pouco interessa. A verdade, porém, é que Rui Vitória recebeu uma aproximação do Benfica campeão em 2015, substancialmente enfraquecida, e foi por aperceber-se de tal que Jesus exibiu a jactância que o caracteriza para transformar o jogo da Supertaça em objectivo muito especial, que lhe deu gozo ganhar, naturalmente, e que abalou a capacidade anímica da águia por questões entretanto esmiuçadas, que foram imensas, de que destaco uma, por me parecer fulcral e óbvia: 'este Benfica', tal como está, pode chegar ao tri, mas com muita dificuldade se não lhe for injectada mais qualidade.
Escrevo antes de se conhecer o resultado das diligências que estão a ser desenvolvidas nesse sentido, sendo certo que a saída de Maxi provocou um rombo mal reparado, no outro lado Eliseu representa um embaraço que o anterior treinador lá deixou, Luisão, a estrela polar da organização defensiva e de todo grupo, faz 35 anos em Fevereiro do próximo ano, Salvio continua sem data marcada para voltar a competir, Pizzi é inconstante como o vento, Ola John joga a duas velocidades e Talisca não ata, nem desata, incluindo-me na lista dos que lhe adivinharam infinitos atributos, na sequência das vistosas exibições e dos muitos golos no princípio de temporada transacta. O que fez Jesus, então, para atingir o sucesso? Nada de extraordinário: com aquele quarteto de luxo (Salvio, Jonas, Lima e Gaitán), enquadrado e oleado, apenas precisou de não inventar para ser aprovado com distinção nas competições internas, porque na Champions foi último no grupo, nem sequer na Liga Europa entrou.
futebolistas no plantel encarnado que até aqui, em face de menor exposição, cumpriam sem se comprometerem, mas que, sem o talento protector dos que resolviam as equações mais complexas, passaram a chapinhar na vulgaridade. De aí, a evidente diferença entre Gaitán e o resto, de aí o suspiro de alívio não só de Vitória mas também da nação benfiquista pela notícia da sua continuidade por mais algum tempo e... mais algum dinheiro.
Vieira sabe quanto gastou no consulado de Jesus, quanto lhe custou cada título e deve ter concluído que foram caros. É claro que o adepto não liga a essas coisas. Quer é vencer seja de que maneira for, sem se dar conta de que há direcções eleitas e administrações nomeadas precisamente para fazerem contas e manterem o fiel da balança, equilibrado, uma preocupação frequentes vezes violentada em nome de resultados imediatos, promoções pessoais, negócios mal explicados ou interesses nebulosos, com as devastadoras consequências que se conhecem: insolvências, incumprimentos contratuais, aumento do desemprego e por aí fora...
O presidente benfiquista, sem se desviar do rumo que traçou nem prejudicar a prossecução da grandiosa empreitada que se propôs concretizar, preconiza uma via mais sensata nos gastos, através de melhor aproveitamento dos recursos próprios, e reclama a ampliação dos objectivos desportivos, o que significa recolocar o emblema da águia no lugar que ocupou no universo europeu; legítima pretensão, embora inatingível com Jesus como deu para verificar nos seis anos que lá esteve. É por isso que Rui Vitória vai participar com o Benfica na Liga dos Campeões e Jorge Jesus com o Sporting na Liga Europa. É por isso que Rui Vitória, despromovido a pior treinador do mundo, conta com os seus jogadores, os quais provaram não haver limites para o sofrimento nem para a força de acreditar. É por isso que Jorge Jesus, o «cérebro», como se autoclassificou, com um rico plantel, apesar dos erros de arbitragem, não foi capaz de se impor a um CSKA de pouca classe. Ou seja, no âmbito da UEFA, Jesus destruiu o que Marco Silva construiu com o apuramento para o play-off. É por isso que mais vale ficar calado, para trabalhar, do que espalhar altivez, para impressionar...!"

Fernando Guerra, in A Bola

6 comentários:

  1. Este Jesus só funciona quando o dinheiro abunda e lhe dão rédea solta para gastar à vontade. O exemplo também já começa a frutificar no Sporting com os resultados que se conhecem, ou seja, está na Liga Europa para defrontar o perigosíssimo clube israelita cujo nome nem sequer é fácil de pronunciar. Agora, com o louco Burro de Carvalho e apoio do sempre Malvado de Palmela, está montado o cenário para uma época em cheio. Veremos depois das consequências.

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  2. Subscrevo integralmente o texto do Fernando Guerra, um dos jornalistas mais esclarecidos e corajosos sobre a personalidade de Jorge Jesus. Este não se deixa enganar, nem está comprometido com ninguém. Parabéns a ele.

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  3. Certo, o Guerra dá aqui uma canelada ao Judas, mas não deixa de tecer algumas considerações "politicamente correctas" contra o Benfica:

    - Sem reforços não vamos lá

    - O Eliseu, o Talisca e o Pizza não prestam

    - O Capitão está velho

    - O Rui Vitória é o pior do mundo

    - O Lima, agora que saiu do Benfica, passou a ser "de luxo"

    Enfim, lugares comuns - quem não o conheçer que o compre...

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    1. O Fernando Guerra, odiou sempre o Judas... e sempre defendeu o Vieira, portanto nada mudou, mantém-se coerente!!!

      Abraços

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    2. Tudo normal em Queluz ocidental.

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