"O futebol português está doente. Não se trata de alarmismo, trata-se, sim, de não fecharmos os olhos aos sistemáticos sinais que nos mostram qual é a realidade. As nossas melhores equipas podem fazer umas flores nas provas europeias, continuamos a ter capacidade para fazer muito dinheiro em vendas de jogadores e também a gastar muito dinheiro em contratações; temos o melhor jogador do Mundo, o maior empresário do Mundo e o melhor treinador do Mundo, mas esses são medicamentos que apenas acalmam os sintomas mas não resolvem os problemas.
Os nossos estádios continuam a estar vazios na maior parte dos jogos, o campeonato tem pouca, ou nenhuma expressão internacional, os passivos dos maiores clubes são de várias centenas de milhões de euros e os bancos já deixaram de emprestar dinheiro. Vários clubes vivem quase para o dia a dia, são constantes as denúncias ou suspeitas de jogadores profissionais que não recebem ordenado a tempo e horas; sistemáticas as tentativas de compra de capital por parte de investidores que anunciam boas intenções, que depois não passam disso mesmo.
A última reunião da Liga dos Clubes, na passada segunda-feira, reconheceu, ela própria, uma projecção de passivo a rondar os seis milhões. A situação é muito grave, urgente. Como urgentes e incisivas devem ser as medidas de combate a este cenário. Luís Duque, o presidente da Liga, apontou que um dos caminhos pode passar pela redução do número de equipas e alteração das provas, uma decisão que me parece lógica e inevitável. A recente legalização das apostas desportivas é outra medida acertada e que peca apenas por (muito) tardia. Mas há mais por fazer; desde logo, por exemplo, a rentabilização dos direitos televisivos.
Ao mesmo tempo, e em primeiro lugar, é preciso que todos tomem consciência da situação e que deixem de olhar para o próprio umbigo. É que uma coisa não muda se não mudar a outra."
Nélson Feiteirona, in A Bola
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