"Eu sou do tempo em que o árbitro Donato Ramos anulou um golo legal ao Benfica no Estádio das Antas porque se não fosse assim, a sua vida não seria a mesma. Sou daquela época em que um sinistro Guarda atacava em corredores e túneis. Tenho memórias bem vivas de árbitros a correr pelo campo fora com medo de serem agredidos por indivíduos alterados pelo consumo excessivo de estimulantes.
Mais recentemente, lembro-me também de férias pagas no Brasil, fugas estratégicas para Espanha, jogos decididos depois de fruta, conversas telefónicas para encomendas jornalísticas e nomeações a la carte. Lembro-me de tudo isso. E lembro-me de como os adeptos desse clube sempre assobiaram para o lado e aceitaram tudo em troca das conquistas e de um culto de personalidade provinciano, pequenino, obediente. Ao jeito da mesma pequenez que aceitou que fosse alterada a data de inauguração do seu estádio, para poder coincidir com o aniversário da subida ao poder de Salazar. Levaram 8 a 2 na estreia e nem assim aprenderam que pactuar com criminosos não compensa.
E depois há a memória dos outros: os que se venderam por um prato de lentilhas (leia-se Taças de Portugal e idas à Ligas dos Campeões) e olharam para o lado enquanto os apitos de douravam. São os mesmos que se envolveram com malas de dinheiro, árbitros e espionagem, que dirigem o clube como uma claque organizada, que se vestem com roupa de conde, mas no campo não chegam a duque de paus.
Uns e outros enchem hoje a boca e as redes sociais de 'colinho'. Respondam-lhes. Não se calem. Não deixem branquear a história. Só nas ditaduras é que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. Façam-se ouvir."
Ricardo Santos, in O Benfica
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