" «Silêncio e hipocrisia sobre incidentes do Dragão» escrevia Miguel Sousa Tavares no jornal “A Bola” do dia 05 de Novembro. Descontando a fina ironia que é começar um texto plagiando uma expressão de Sousa Tavares, considero, tal como o escriba citado, que o silêncio e a hipocrisia são recorrentes na forma como se abordam “incidentes” no futebol português.
Assim, o que dizer sobre a hipocrisia que está encerrada no silêncio acerca do comportamento do director de comunicação do FCP no passado fim-de-semana, no Restelo? Ouvi claramente, na Antena 1, um jornalista relatar que viu o referido comunicador do Porto a pontapear um outro jornalista. Em seguida, ficou o silêncio conivente de uns e a voz envergonhada de outros. Chamar “incidentes” às agressões é silêncio ou hipocrisia?
E como se caracteriza o silêncio que se impôs a quem garantia – antes de repensar as garantias – que vira responsáveis do clube do guarda Abel a agredir um delegado da Liga, em Setúbal?
E o silêncio acerca da violência de que foi vítima o jornalista Valdemar Duarte (à época estava ao serviço da TVI) enquanto trabalhava no Dragão?
Quando todos os jornalistas se calam, que nome se dá a isso? E os comunicadores, cronistas e afins que tanto se esforçam por silenciar toda e qualquer referência às escutas do Apito Dourado presentes no youtube e que agora falam de silêncios?
Em que sílaba da palavra “hipocrisia” cabem as palavras dos escribas que agora se queixam de silêncios?
Lembro-me de uma vez ter ouvido o saudoso Jorge Perestrelo perguntar, em directo, na rádio, se os jornalistas “fariam parte de uma classe de merda ou de uma merda de classe” (‘ipsis verbis’). Em seguida ficou o silêncio, mas a hipocrisia ficou afastada do discurso."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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