"Na semana de Abril daquele que abriu horizontes de esperança tantas vezes magoada, mais ainda nos tempos recentes, o episódio até teve graça. Dois militares fardados a rigor, num restaurante em Caneças, com excitabilidade patente, começaram por pedir um autógrafo ao Eusébio, depois ao Simões, a seguir ao Artur Jorge, finalmente a mim. “Eu? Nem joguei à bola, muito menos com estes grandes senhores do futebol”. Não fui convincente, juntei o meu nome a três dos meus ídolos da puberdade.
O quarteto reuniu-se a meu convite. Foram horas de parlatório sobre a redonda. Do passado à actualidade o desfile contemplou acontecimentos, confidências, opiniões. Eusébio, Simões e Artur Jorge remeteram-me para o período em que o futebol exerceu maior fascínio sobre mim, naquele começo da década de 70, altura em que o Benfica hegemonizava, sem contestação, o panorama da bola nacional. Nessa altura, a Selecção recordo a Minicopa de 72, no Brasil, a cuja final chegamos, orientada por José Augusto, tinha doze jogadores encarnados, número impressionante, tanto mais que Simões, Rui Rodrigues e Vítor Baptista, lesionados, não puderam responder à convocatória.
No país do samba, que por essa altura exibia os galões de campeão do Mundo, lá estiveram José Henrique, Artur, Humberto Coelho, Messias, Adolfo, Matine, Toni, Jaime Graça, Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão no maior contingente rubro de que há memória. Há dias, evocamos o momento, concluindo que era a melhor equipa do Benfica de todos os tempos e com matriz exclusivamente lusitana.
O Eusébio, o Simões e o Artur Jorge fizeram-me soltar o menino benfiquista que transporto dentro de mim. Eles que tanto ajudaram ao sonho vermelho, quiçá irrepetível, pelo menos com os contornos dessa época imperial."
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