"Hoje, por coincidência, é dia de aniversário para mim. Com 53 anos, que tributei, imodestamente, a várias lutas, muitos afectos, enormes prazeres. Também, nos mesmos 53 anos, colectei dissabores, angústias, raivas.
Lembro-me dos meus primeiros anos de vida? De forma muito obscurecida, muito distante. Mas já me lembro do Benfica, do Benfica desde os primeiros tempos de vida. Do Benfica do Eusébio, do Coluna, do Simões, do Zé Augusto. Do Benfica de jogadores espectaculares, hoje espectacularmente meus amigos, grandes amigos.
Mal sabia que idade tinha, mas sabia que era do Benfica. Do Benfica que foi a maior fábrica de sonhos do século XX português. Do Benfica que me fez sonhar, mas que transformou sonho em realidade. Esse Benfica que preencheu, preencheu sempre o meu quotidiano. O Benfica que tem um pedacinho de mim. De mim e de milhões de outros, constituindo-se num colectivo amado em todas as latitudes, elixir de agrado, suspeita de triunfo, certeza de vitalidade.
O que seria, desde o mais dócil da idade, a minha vida sem o Benfica? Inconcebível, inimaginável, impensável. Hoje, posso sentir-me realizado em aspectos múltiplos, mas sempre com o transporte do Benfica. Transporte emocional que me faz feliz, transporte comovedor que me faz afortunado, transporte emocionante que me faz bem-aventurado.
Quis o Benfica, quase sem saber porquê, já lá vão 53 anos. Quero o Benfica, sabendo porquê, mais alguns anos. Porque o Benfica, como nenhum outro emblema desportivo nacional, traduz os valores mais arreigados da portugalidade. Por isso, o Benfica é mais Benfica. Por isso, eu sou mais eu. Gloriosamente."
João Malheiro, in O Benfica
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