"Os terramotos em Itália sabe-se quando começam mas não quando acabam. Foi assim nas regiões de Emília e Veneza onde nos meses de Maio e Junho houve sismos durante semanas e é assim no processo Calciocommesse, o escândalo que abala o futebol do país e que avança a passo de caracol sem fim à vista. Com o risco de não ficar concluído antes de 26 de Agosto, data do início do campeonato. Neste caso, porém, há uma justificação: foi necessário solicitar a colaboração das polícias de vários países da Europa, Ásia, África e América do Sul, o que mostra até que ponto o polvo é global. Embora, estranhamente, só se dê por ele no bel paese de Berlusconi. Em Junho foram conhecidos os arguidos do Ministério Público de Cremona e na passada quinta-feira os de Bari mas, pelas minhas contas, ainda faltam os de Nápoles.
Desta vez, os réus são 58: 13 clubes (entre os quais Bolonha, Siena, Torino, Sampdoria e Udinese, da Série A, que provavelmente começarão a prova com pontos negativos) e 45 filiados (entre os quais o treinador da Juventus campeã, Antonio Conte, e os jogadores Simone Pepe, ambos por omissão de denúncia, e Leonardo Bonucci por ilícito desportivo, ou seja, ter participado na combinação de resultados a troco de dinheiro). Nas divisões inferiores haverá várias despromoções. Conte tem a defendê-lo uma equipa de príncipes do foro, que já escolheram o pattegiamento (pacto, concertação), previsto no direito desportivo caseiro, como estratégia a seguir. Vai propor uma pena de 4 meses de suspensão e uma pesada multa. Se o procurador federal aceitar a sugestão, o assunto fica arrumado. Se não, terá que sofrer os constrangimentos e incertezas do julgamento."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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