"O defeso é o período do ano em que é proibido pescar ou caçar. Ora, no futebol, o defeso é, ao invés, o período entre temporadas em que mais se procura caçar ou pescar. O deste ano começa num tempo em que, por força das eleições, há também a caça aos votos.
O defeso é sempre um tempo de renovada esperança, sobretudo para os perdedores da época terminada. E é a matéria-prima a que se agarra a informação desportiva, agora que o ciclismo já não desperta a paixão de outrora.
Normalmente, o defeso começa por ser o arrolamento caudaloso de jogadores sinalizados, acompanhados, oferecidos, apalavrados, pré-contratados, quase firmados, recusados, descartados, trocados e tudo mais. Tudo com o condimento excitante da utopia da caça grossa e o realismo sortido da caça miúda, enquanto se espanta a cala alheia, à espera do milagre de uma qualquer maquineta caça-niqueis. O defeso é, também, a época alta da intermediação de substanciais prebendas comissionistas.
Como sempre, o Benfica é o abono de família do defeso. Este ano, mais acompanhado pelo Sporting, por razões compreensíveis.
Leio quase tudo o que é noticiado sobre o meu clube, mas aqui confesso, humildemente, que já não consigo acompanhar o cacharolete de notícias sobre tantas hipóteses de contratação. Argentinos, brasileiros outros sul-americanos e versões em castelhano (será já o primeiro idioma do balneário?), cada qual com um nome mais difícil de fixar ainda que por breves instantes. Estou até a pensar em usar uma cábula à moda antiga, para não ficar inferiorizado perante... mim próprio.
Seja o defeso mais onírico ou simplesmente mais modesto, prefiro sempre a qualidade concentrada à embriaguez da quantidade liofilizada."
Bagão Félix, in A Bola
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