Últimas indefectivações

segunda-feira, 14 de março de 2011

Quando se branqueia o terrorismo...

"RUI GOMES DA SILVA, vice-presidente do Benfica, foi agredido na passada sexta-feira, no Porto, quando saía do restaurante Shis, na Foz. O dirigente encarnado, estava acompanhado pela mulher e ainda por Celso Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Paredes e pela mulher deste. As palavras que passo a citar representam o testemunho de Celso Ferreira: «Quando saímos do restaurante Shis, na Foz, fomos subitamente surpreendidos por dois indivíduos que deram um soco ao Rui, dizendo que era a paga pelos comentários que fazia na TV. Segundo me disseram, estava uma terceira pessoa dentro de um carro a controlar tudo o que se passava. Foi, claramente, uma emboscada dirigida ao Rui Gomes da Silva. Foi tudo muito rápido: agrediram-no e fugiram.»
Perante este depoimento, ninguém, sem que seja questionada sua sanidade mental, pode colocar em causa o que sucedeu. Porém, Pinto da Costa, presidente do FC Porto, comentou o incidente da seguinte forma: «Podem simular agressões a qualquer palhaço, mas nós vamos continuar o nosso destino e o nosso destino é vencê-los.» Ou seja, além da ofensa a Gomes da Silva, Pinto da Costa travestiu a realidade e branqueou um acto de terrorismo puro.
Será que estamos perante uma disputa entre o Porto e Lisboa, ou mesmo uma guerra entre FC Porto e Benfica? Essas são as fantasias que Pinto da Costa pretende repetir até que sejam tomadas por verdade. Há de facto uma guerra. Mas essa é entre as vidas normais e os comportamentos de bas-fond, entre quem quer ver o futebol como espaço para as famílias e quem só se sente confortável no ambiente que deu fama ao guarda Abel.
Rui Gomes da Silva nasceu em Santo Ildefonso, no Porto, cidade onde concluiu o ensino secundário. Em 1976 rumou a Lisboa, onde se licenciou em Direito na Universidade Clássica. Benfiquista desde sempre, filho de um grande adepto do clube da Luz, também portuense, o vice-presidente encarnado jogou hóquei em patins no Académico do Porto, transferindo-se para o Benfica, quando veio para a Faculdade. Continua a ter raízes familiares na cidade Invicta.
Luís Nazaré, portuense, presidente da Assembleia-Geral do Benfica, disse no sábado que «a cidade do Porto é boa e hospitaleira e não merece que haja gente desta» e fez também votos «para que o FC Porto se demarque e repudia o que aconteceu», coisa que Pinto da Costa já... clarificou.
Ontem, em A BOLA, figuras da sociedade portuense - Júlio Machado Vaz, Carlos Tê, Mário Dorminsky - fizeram o que qualquer pessoa de bem faria, condenando o acto criminoso. E esse é, tenho a certeza, um sentimento comum não só aos portuenses, mas também à esmagadora maioria dos portistas, que vêem com desagrado o discurso menor, que apouca a cidade, de quem gere o clube e é apoiado cegamente pelas faixas radicais - por exemplo a guarda pretoriana que acompanhou Pinto da Costa, há uns anos, quando este entrou no Tribunal de Gondomar (e sabe-se onde alguns deles estão e porquê...) - mas também, por pessoas de bem que vivem, no que ao futebol diz respeito, com a consciência anestesiada pelas vitórias dos dragões.
PS - Que diferença entre as declarações, que revelam carácter, de Villas Boas, e o que Pinto da Costa disse a seguir..."
José Manuel Delgado, in A Bola

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