"Domingo, assisti da bancada à sessão de terapia que o Naval proporcionou ao Benfica. Um pacote daqueles é que dava jeito às nossas finanças tremidas. Se fosse um livro de bomba de gasolina, a coisa podia chamar-se “Como Recuperar O Amor Próprio Em Quatro Passos”, ou “Plano Infalível Para O Dia Seguinte”. De facto, ganhar por 4-0 dá moral ao mais tristonho dos craques, ao mais depressivo dos treinadores de bancada. (Perdoem-me o parêntesis de humor negro, mas melhor que 4-0, só mesmo 5-0…) E, no entanto, como sabemos, muitas vezes os números são enganadores. A verdade é que, se a partida dominical teve grandes jogadas e belos golos, também houve momentos de forte “instabilidade”, para usar o palavrão que está na ordem do dia. Há muita arte no ataque, mas falta ciência na defesa. Há jogadores que fazem a diferença, mas às vezes parece faltar uma equipa “mais igual”. Há Aimar e mais dez – e infelizmente não são dez Ramires…
Mas falemos de coisas boas. Sálvio conduz a bola redonda de esperanças; corre com bom espírito, dá para perceber; mal os defesas lhe aparecem no caminho, o miúdo argentino toca para o craque mundial; Aimar, o nosso Mágico Maestro, inventa um país livre entre os adversários e chuta; o guarda-redes lá consegue defender, mas a bola sobra para um espaço em branco no tapete verde da Catedral; Nico Gáitan vem a correr desde a Argentina e, no pé esquerdo, traz um único pensamento. Remata com a parte de fora da bota, a bola rodando para cima e para longe das luvas esticadas do guardião azulinho – o futuro chega em forma de golo, e que golaço. Para exorcizar fantasmas, para lavar a alma, gritem comigo, por favor: Nico! Nico! Nico! Gaitán! Gaitán!
Mas Nuno Gomes também merece uma palavra. Ao contrário da maioria das gentes benquistas, não sou, confesso, um incondicional do avançado português. Mas o golo que Nuno Gomes conseguiu desembrulhar contra a Naval – um golo todo feito de crença, num momento difícil para o clube e para ele próprio – vale muitíssimo. Golos assim dão o exemplo e fazem-nos acreditar que o amor à camisola não morreu, não há-de morrer nunca. Mais: o país inteiro precisa de exemplos destes, da economia à política, da cultura ao futebol, individualmente e colectivamente. Acreditar, acreditar. Corações vivos de olhos abertos. Palavras fortes e gestos claros. Vamos a isto?"
Mas falemos de coisas boas. Sálvio conduz a bola redonda de esperanças; corre com bom espírito, dá para perceber; mal os defesas lhe aparecem no caminho, o miúdo argentino toca para o craque mundial; Aimar, o nosso Mágico Maestro, inventa um país livre entre os adversários e chuta; o guarda-redes lá consegue defender, mas a bola sobra para um espaço em branco no tapete verde da Catedral; Nico Gáitan vem a correr desde a Argentina e, no pé esquerdo, traz um único pensamento. Remata com a parte de fora da bota, a bola rodando para cima e para longe das luvas esticadas do guardião azulinho – o futuro chega em forma de golo, e que golaço. Para exorcizar fantasmas, para lavar a alma, gritem comigo, por favor: Nico! Nico! Nico! Gaitán! Gaitán!
Mas Nuno Gomes também merece uma palavra. Ao contrário da maioria das gentes benquistas, não sou, confesso, um incondicional do avançado português. Mas o golo que Nuno Gomes conseguiu desembrulhar contra a Naval – um golo todo feito de crença, num momento difícil para o clube e para ele próprio – vale muitíssimo. Golos assim dão o exemplo e fazem-nos acreditar que o amor à camisola não morreu, não há-de morrer nunca. Mais: o país inteiro precisa de exemplos destes, da economia à política, da cultura ao futebol, individualmente e colectivamente. Acreditar, acreditar. Corações vivos de olhos abertos. Palavras fortes e gestos claros. Vamos a isto?"
Jacinto Lucas Pires, in JN
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!