"MADRID — Esse dia de Abril de 1989 foi muito agitado. O Paulo Futre estava no auge da sua popularidade como jogador do Atlético Madrid e ser pai do seu primeiro filho era uma notícia que merecia o maior destaque. Assim o entendeu o então chefe da redação do nosso jornal, o saudoso Vitor Santos, que apostava em publicar, na capa do número do dia seguinte, a fotografia do recém-nascido nos braços dos seus babosos progenitores. «Tens de jogar com amor à camisola e conseguir essa foto», pedia-me ele pelo telefone.
Contratei um jovem fotógrafo (que poucos dias depois morreria num acidente de automóvel) e lá fomos para a clínica dispostos o fazer o trabalho. Demos com o nariz na porta, não nos deixaram entrar, simplesmente porque alguém se tinha adiantado e pago por conseguir a exclusividade.
O que se seguiu foi uma correria por diversas agências de comunicação com a esperança de que alguma delas cedesse a tão desejada fotografia por cortesia para com um jornal português ou, pelo menos, o fizesse por um preço razoável. Mas não houve piedade: cada uma exigia mais dinheiro que a anterior, todas queriam fazer negócio pedindo uma exorbitância que o Vitor, suponho que depois de ter consultado a administração, me anunciou que se negava a pagar.
A ideia malogrou-se e tivemos de nos contentar com uma fotografia, essa sim grátis, do Futre à porta da clínica com os muitos ramos de flores que, vindos de todas as partes, os felizes papás tinham recebido.
Trinta e seis anos anos depois aquele bebé, do qual não consegui a fotografia, é um homem de destaque com a pequena coincidência de que ambos damos aulas na mesma universidade."

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