"Se o futebol português quer sentar-se ao lado dos grandes, lá fora, não pode continuar a ser discutido internamente numa mesa de cinco lugares, na Cidade que deveria ter cadeiras para todos
Verdade seja dita, o presidente do Vitória SC até avisou, com alguma antecedência, que os «almoços a quatro passaram da Liga para a Federação». Mas isso não impediu que a notícia de que a Federação Portuguesa de Futebol ia receber Sporting, Benfica, FC Porto e SC Braga — estes, e apenas estes — tenha causado uma certa estupefação. Pelo menos a este que vos escreve.
O presidente do Sporting esperado na Cidade do Futebol ao lado do homólogo do FC Porto, depois de ter dito que André Villas-Boas não é «uma lufada de ar fresco, é bafio e hipocrisia do pior que o futebol português já conheceu»? Os dragões, que ouviram as declarações de Varandas como «rugido de hipocrisia», representados ao mais alto nível na FPF? Rui Costa, que ficou sem saber se devia rir ou chorar quando ouviu Villas-Boas dizer que «o Sporting tem o presidente do Benfica no bolso», sentado ao lado dos rivais? E o líder do SC Braga, António Salvador, que ainda recentemente criticou os egos e a clubite de alguns presidentes, a aproveitar a boleia dos três denominados grandes?
Do mal, o menos (pensei eu): para além dos presidentes de Sporting, Benfica, FC Porto e SC Braga, também o líder da Liga estará certamente presente, para representar os restantes emblemas dos escalões profissionais. Ou então não.
Reinaldo Teixeira garante, ainda assim, que a Liga «tem o seu lugar e, por isso, não ficou de fora». «A Liga não se intromete naquilo que não tem de se intrometer e respeita o futebol profissional. Não nos metemos na vida de ninguém, nem aceitamos que se metam na nossa», acrescentou o presidente do organismo que representa todas as sociedades desportivas.
Permitam então esta intromissão, a minha, para dizer que não pode existir «clima construtivo», como diz a FPF, quando a mesa da Cidade do Futebol só tem cinco lugares. Pelo menos se a defesa dos interesses do futebol nacional estiver verdadeiramente na ementa.
Por maiores que sejam os clubes representados, os problemas não podem ser discutidos por uma minoria.
Quem pactua com isto, nem que seja ao aceitar ficar de fora, deve saber que isso contribuirá para a estagnação do futebol português — bem patente, de resto, no processo de centralização dos direitos televisivos.
A melhor maneira de engrandecer o futebol português é aumentar a mesa onde ele se decide."

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