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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Organizado, o Benfica está. Mas só muito de vez em quando joga à bola


"Vitória sem contestação sobre o Tondela, mas com poucos remates e ainda menos momentos de encantar

O Benfica está na final four da Allianz Cup, mas a vitória por 3-0 sobre o Tondela com que lá chega esteve longe de encantar.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, José Mourinho dissera que nesse dia as águias só trabalharam organização ofensiva. Organizados, realmente, estiveram, nestes quartos de final da Taça da Liga. E a vitória foi mais que justificada, considerando que a equipa de Ivo Vieira, mesmo não tendo ido à Luz com bloco muito baixo, ou só preocupada em defender, não criou um lance de golo. Mas faltou bom futebol, e num jogo perante um adversário mais forte, o pouco que o Benfica cria raramente dará para marcar e, consequentemente, vencer.
Mas talvez a organização seja o primeiro passo. A forma como as águias souberam reagir à perda de bola, matando à nascença a maior parte dos contra-ataques do adversário – com Barrenechea, nesse capítulo, em papel de destaque –, é uma mudança refrescante em relação ao que se viu nos últimos tempos na Luz.
Faz sentido que Mourinho comece por aí. Mas é bom que não demore a dar o passo seguinte, o de pôr a equipa a jogar à bola.
Sim, o Benfica teve momentos muito bons. O golo anulado pelo VAR por fora de jogo de um centímetro, por exemplo, a abrir a segunda parte, é uma bela jogada coletiva, com Barreiro a servir Lukebakio e o belga a dar de calcanhar para a finalização de primeira de Sudakov.
O 2-0, de Lukebakio, também – não só as fintas de Ríos na área, mas a forma como o colombiano ganhou espaço para arrancar, em combinação com Pavlidis e Barreiro.
Mas foi quase tudo. Sim, há um bom passe de Aursnes a desmacar Ivanovic aos 30’, com remate cruzado do croata para boa defesa de Cañizares. E há o terceiro golo, recuperação de João Rêgo em zona avançada, cruzamento imediato de Barreiro e finalização perfeita de Pavlidis.
Mas são momentos de qualidade individual, mais do que futebol coletivo. E poucos mais houve.
Aliás, para um Benfica que mudou apenas cinco jogadores no onze, e os que lançou de novo têm sido utilizados com regularidade, não eram corpos estranhos (mesmo assumindo a importância de Pavlidis ou Ríos na equipa), chegar ao fim do jogo com apenas 11 remates contra os suplentes do Tondela (só Medina tinha jogado de início contra o Sporting, para a Liga, no domingo, e saiu lesionado ao intervalo…) é pouco, muito pouco.

Penálti caído do céu
E convém não esquecer a forma como a história do jogo sorriu ao Benfica: com um penálti caído do céu, aos 41’, por mão de Afonso Rodrigues.
A análise da correção da decisão do árbitro deixo para Pedro Henriques, comentador de A BOLA. Mas não gosto de um futebol onde faça sentido aquilo ser penálti. O extremo do Tondela é atropelado por Barreiro; tem o braço aberto, porque está a equilibrar-se no domínio da bola, mas o médio do Benfica está a menos de meio metro dele quando toca a bola na direção da mão de Afonso Rodrigues. O árbitro, na justificação da decisão, referiu que o braço não estava em posição natural; o que não é natural, para mim, é que os árbitros tenham agora de ser especialistas em mecânica do movimento para perceber o que é natural ou não…
Otamendi converteu, trazendo até alguma recompensa justa às águias, que sem terem feito muito já tinham estado perto do golo por Lukebakio e Ivanovic. 
Aquele golo brilhante anulado por um centímetro logo a abrir a segunda parte (48’) deu esperança aos mais de 50 mil adeptos que foram à Luz de que o jogo pudesse melhorar de qualidade nos derradeiros 45 minutos. Infelizmente, não foi o caso. Tirando um remate cruzado, um pouco ao lado, de Ivanovic, aos 59’, só na reta final a partida animou, já com Pavlidis, Ríos e Prestianni em campo e com o Tondela a tentar arriscar (na mesma sem criar perigo) um pouco na procura do empate.
Foi isso que deu espaço para o ataque rápido do 2-0, foi isso que ajudou à recuperação em zona ofensiva para o 3-0. Um resultado demasiado gordo para quem tem organização mas pouco futebol."

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