"Local: o antigo Hotel Meridien, local escolhido para uma emissão especial da Antena 1, conduzida pelo grande António Macedo.
Convidado: Saul Davies, o músico português dos James, aficionado do Celtic de Glasgow que a poucos metros parecia condenado a ver Sevilha por um canudo!
Mas Henrik Larsson mudava o guião e colocava os populares católicos de Glasgow (Rod Stewart ou Ian Astbury, a quem ofereci uma camisola do Sporting CP, são alguns dos fãs do Celtic no mundo do show biz) a conseguir o bilhete para a final de Sevilha (0-1)… sim , falo do Boavista FC, a quem estou ligado desde pequenito.
O meu Tio Monteiro foi durante muitos anos o sócio número 1. A minha Tia Felícia, que me levava ao Coliseu, era uma adepta que poderia fazer parte de uma claque. O meu Pai, que me ensinou tanto sobre o belo jogo, chegou a treinar com nomes lendários como Serafim Baptista ou Fernando Caiado.
O Bessa estava ainda pelado e colocado verticalmente quando chega a Primeira Divisão. Os anos 80 colocam o Boavista na minha rota existencial.
A irmandade com o inimitável Alfredo, que já vinha do Rio Ave, faz transfer para a então mais British equipa nacional! Os jogos ao fim da tarde de sábado, na altura uma raridade, permitem o convívio noturno: os já falecidos Phil Walker e Frederico, o algarvio José Rafael, o todo o terreno Parente e tantos outros eram companheiros da alegria.
Cruzávamo-nos com o futuro presidente João Loureiro e fazíamos do Griffon, ou do então chic Foco, uma espécie de embaixada boavisteira. E não me esqueço de ver o Borussia Dortmund, o Manchester United do ainda imberbe Beckham, o Karlsruhe do teutónico Kahn e equipas italianas que não se entendiam com as equipas do Clube das camisolas esquisitas.
As histórias do bom do Alfredo davam dois ou três livros; o irmão do very brit Phil Walker muito me ajudou na minha estadia londrina; o Dj portuense Ruitrintaeum foi outra personagem com quem vi vários jogos, muito perto da mítica Dona Fernanda e do excêntrico Manuel do Laço, que me visitou quando me encontrava lesionado no Hospital de Santo António!
Deixei para o fim o Boavistão do génio José Maria Pedroto, onde - e de forma inovativa - o então professor liceal Hernâni Gonçalves encontrou um lugar numa equipa técnica que só por centímetros (o histórico lance em que a bola ficou presa na linha de golo, num encontro mais do que enlameado com o União de Tomar) não tornou o clube do Bessa campeão ainda nos anos 70.
Estas são memórias em forma de homenagem a todos os que fizeram do chamado clube de bairro uma marca europeia, uma ideia de ficção científica quando o meu Tio Monteiro, ourives de Gondomar, entrava em campo empunhando a bandeira do clube!
Imaginar a cidade do Porto com apenas o FC Porto na I Liga I é algo estranho, ou mesmo impensável.
A caminhada do Boavista (FC, SAD) e a fundação de uma nova entidade com ADN axadrezado, os Panteras FC, indica caminhos cruzados, longos e cuja meta final (o regresso a um patamar consoante com a sua história) está muito longe de ser alcançada e nem sequer é possível imaginá-la, como se de um filme fantástico se tratasse.
Como fantástica foi e é a História desta instituição fundada no dia Primeiro de Agosto de 1903."

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