"Muita expectativa criada em relação às alterações que o plantel do Benfica sofrerá.
Do muito que se fala, são certas e justificadas as entradas de Dedic e Obrador. O primeiro preenchendo uma posição que vem sendo problemática e o segundo salvaguardando a já confirmada venda de Carreras. Alterações no ataque serão várias em função das saídas previstas. Quanto a Félix, é ainda uma incógnita. É agora ou nunca?
Consumada está a partida de Kokçu, um jogador tão bom quanto polémico. Reações intempestivas, quer no campo, quer na imprensa, criaram, pelo menos em dois diferentes momentos, incómodos difíceis de apagar. Pelo que se percebeu, não será de estranhar que Akturkoglu, o seu compatriota e parceiro de semelhante temperamento, lhe siga o caminho, tal parecia ser a ligação entre os dois.
Sem dúvida, dois bons elementos, mas de pavio curto, o que por vezes cria mal-estar no seio das equipas, mas que também se estende aos adeptos e, logicamente, acaba explorado pela imprensa. Akturkoglu é outro bom valor, cuja entrada a todos convenceu, mas cujo seguimento seria menos conseguido do que prometera.
Do lado rival, Gyokeres está finalmente de saída. Os adversários agradecem.
Nove ou dez
Guarda-redes à parte, porque condenado a uma zona restrita, as equipas devem contar com os restantes dez jogadores para o seu bem comum. Isto vem a propósito da diferença, para melhor, que Luis Enrique anunciava na altura da saída de Mbappé para o Real Madrid. O resultado foi o que se conhece, dando razão ao carismático treinador espanhol, principalmente com a vitória inédita na UEFA Champions League.
A exceção negativa na época parisiense acabou por ser a recente final do Mundial de Clubes, já fora de horas, provocada por um surpreendente Chelsea, ainda há pouco considerado um projeto descaracterizado e sem futuro. Nesta equipa inglesa, joga e faz jogar um dos jovens mais talentosos do futebol atual, mas também dos mais competitivos, com e sem bola. Cole Palmer decidiu a final pelo que criou e marcou, mas na mesma medida, pelo que equilibrou. É esse o elo fundamental que faz um verdadeiro craque.
Amplamente merecido o triunfo inglês, definido cedo, em entrada autoritária e com correspondente eficácia finalizadora e brilho de Palmer. O PSG sem remédio para o protagonismo e classe do criativo inglês, que partia de uma posição de marcação indefinida, condicionando e baralhando Nuno Mendes e Fabián Ruiz, impotentes para travar a arte do esquerdino. Com vinte e dois jogadores em campo, por vezes, a posição de um único, e o que à sua volta acontece, pode determinar a diferença entre ganhar e perder. Mais ainda quando o jogador em causa foi o melhor em campo e Bola de Ouro do torneio.
Pelé
A propósito do tema anterior, recordo sem grande saudade, o ano da pandemia quando estava no Brasil, com o prof. Jesualdo, no Santos FC. Como o futebol tinha parado, a TV Globo emitia jogos inteiros, alguns dos quais da seleção brasileira de Pelé. Pude ver então com outra atenção o que foi Pelé, além dos muito golos tantas vezes revistos ao longo dos anos.
Pelé, pelo que confirmei, mas respeitando outras teorias, terá sido o mais completo jogador da história. Claro que é sempre difícil e subjetivo comparar épocas e jogadores. No entanto, isolando qualidades, Pelé conseguia juntar à sua arte de marcar com a cabeça e ambos os pés, a capacidade de assistir, acrescentando ainda a sensibilidade e a bondade tática de ir atrás e ajudar a recuperar. Uma raridade. Pude perceber, muitos anos depois dos cromos que colecionei, a expressão da sua influência e como já naquele tempo se sentia obrigado a ajudar, considerando os seus parceiros como iguais.
Rua e gaffe
João Neves. Tão educado e equilibrado, como voluntarioso. Triste a expulsão, mas era difícil resistir à provocação de Cucurella, na fase final de um jogo em que o destino parecia traçado. O futebol tem na sua substância popular a malandrice da rua, que muitas vezes engana e traz vantagens aos prevaricadores. Foi o que aconteceu no lance que expulsou Neves. Puxar o cabelo aos adversários era um comportamento frequente no meu tempo de jogador e ninguém via. Mas com uma cabeleira assim é difícil disfarçar.
Neste Mundial, ficou latente a disputa e as comparações entre as equipas concorrentes e rivais de diferentes origens. O futebol europeu, considerado o mais evoluído, acabou por ser posto mais em causa pela competitividade, principalmente das equipas brasileiras.
Este duelo à parte acabou por ter um capítulo singular interpretado por Enzo Maresca, em conferência de imprensa. Desinformado em relação ao número de jogos disputados pelas equipas brasileiras, acabou corrigido em direto, tipo de gaffe que convém evitar. Porém, a última imagem conta muito e poucos dias depois levantava a nova taça, que fez por merecer.
Vida
«A vida continua» — é das frases mais verdadeiras, mas também mais cruéis, que simboliza na prática, seguir em frente, mesmo faltando gente boa que há pouco vivia. Seguir em frente, mas não sem antes homenagear quem o mereceu.
Celebrar a vida, o valor e a humanidade de Diogo Jota e seu irmão. Emocionante o carinho e o cuidado posto neste bonito adeus, assinalado no primeiro jogo da época. O Liverpool é um grande clube, para além dos troféus."

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