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quarta-feira, 5 de março de 2025

Uma vida a lançar sobre redes


"Além do seu exímio percurso no ténis do Benfica, David Cohen foi uma notável personalidade do voleibol lisboeta

David Lopes Cohen (1925-2008) teve várias paixões na sua vida. Como hoje clama a psicologia, somos muitas vidas numa só vida. Da engenharia à filatelia, do voleibol ao ténis, são vários os campos de destaque que fazem de David Cohen uma figura incontornável quando se estuda os primeiros anos do voleibol em Lisboa ou o ténis na história do Benfica.
Estudante de engenharia no Instituto Superior Técnico, defendeu a sua alma mater no voleibol na década de 1940, quando a modalidade dava os primeiros passos competitivos em Portugal. Foi campeão regional vários anos numa equipa considerada 'inexpugnável', como destacava o jornal O Benfica: 'Quão difícil é marcar pontos a uma defesa que tem um Cohen e um Martins'.
Alinhou na primeira seleção de Lisboa em 1946 e foi bicampeão nacional de voleibol em 1948. No ano seguinte não participou na prova, e a sua falta foi notada ao longo dos jogos. Casou em Magherite Brixhe (Peggy), também ela voleibolista, no Sporting. A memória deste casal prefigura-se, no entanto, na modalidade de ténis, onde Peggy Cohen foi campeão nacional de singulares em 1953 e 1955 pelo Benfica. Entre os que praticaram ténis pelos encarnados, David Cohen teve um dos mais profícuos palmares.
Foi aluno de Geza Torok, o húngaro que potenciou o ténis em Portugal. De águia ao peito entre 1959 e 1969, conquistou vários campeonatos regionais. Em 1959, sagrou-se campeão nacional em singulares, depois de ter estado afastado das raquetes algum tempo, somou 4 Campeonatos Nacionais em pares e integrou a equipa do Benfica que conquistou o Campeonato Nacional de ténis por 6 vezes.
A sua postura desportiva e humana, que já se evidenciara no voleibol, tornava-o indispensável em provas internacionais, como revelou o dirigente da seção de ténis encarnada. Era um gentleman, como lhe diziam no mundo filatélico. Ao longo dos anos de 1950, David Cohen enriqueceu o seu palmarés com provas internacionais. Em 1953, contribuiu para a primeira vitória internacional portuguesa. Mais que uma vez, foi chamado pela Federação Portuguesa de Ténis a integrar a seleção nacional para disputar a Taça Davis, a mais relevante competição internacional da modalidade à época.
Agraciado como sócio de mérito em 1961, os seus últimos anos de vida foram dedicados a uma paixão que tinha desde os 10 anos a filatelia. Grande colecionador e especialista de literatura filatélica de inteiros postais, chegou a publicar artigos que 'fizeram doutrina'.
Conheça outros nomes do ténis benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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