"Bruno Lage mudou meio onze, mas a equipa mostrou que está com saúde. Muitas oportunidades desperdiçadas e penálti defendido por Samuel Soares
Quando se juntam as palavras Luz, Lage, Benfica e Nacional vem sempre à memória um célebre 10-0, um daqueles resultados que acontecem uma vez na história e nos transportam para um contexto específico e provavelmente irrepetível. Mas tivesse Lucas França mãos de manteiga em vez das mãos de ferro (dos pés não se pode dizer o mesmo, mas já lá vamos…) podia ter-se assistido, neste sábado, a mais um resultado desnivelado a favor da equipa da casa, tal o caudal ofensivo e oportunidades criadas, principalmente na primeira parte, numa torrente mais forte que a tempestade que afastou das bancadas mais adeptos que o habitual.
A meio de uma eliminatória frente ao Barcelona e sabendo desde já que terá de estar fisicamente nos píncaros para ganhar na cidade condal de maneira a reverter o 0-1 da primeira mão dos oitavos de final da UEFA Champions League, Bruno Lage mexeu no onze e em todos os setores, entrando Samuel Soares, Leandro Santos, Dahl, Amdouni, Bruma (não inscrito nas provas europeias) e Belotti, tendo como resposta uma atitude agressiva de todos na procura da bola e rapidez nas transições.
O golo de Amdouni, aos 5’, foi o reflexo do aproveitamento que os encarnados fizeram da estratégia do Nacional, uma equipa que gosta de sair a jogar desde o seu guarda-redes e com uma defesa subida: na sequência de um pau passe de Lucas França (a ação do guarda-redes foi deficiente, mas os seus colegas estavam demasiado distantes), Dahl prosseguiu com a bola, ganhou o ressalto e o internacional suíço aproveitou para inaugurar o marcador, num bom remate rasteiro à meia volta, rasteiro, de pé esquerdo.
A partir daí, o que se seguiu foi um somatório de lances para obrigar França a redimir-se: uma, duas, três, sete vezes se necessário, para mal de Belotti, Amdouni ou Kokçu. O Benfica fazia tudo bem, menos a concretização, lacuna que ficou à vista na partida diante dos catalães, que fez do guardião adversário a figura do jogo (Szczesny). A exceção foi mesmo da marca dos onze metros, através de um penálti superiormente executado por Kokçu, castigando falta de Zé Vítor sobre Belotti.
Aparece Samuel Soares
O jogo estava controlado, mas à semelhança do encontro com o Barcelona as águias voltaram a cometer um erro não forçado. Aplaudido pelos adeptos na sequência do mau passe que originou o golo dos blaugrana, António Silva foi novamente protagonista pela negativa ao cometer falta sobre Labid na área, momento que pedia abordagem menos arriscada. Chamado pelo VAR, André Narciso não teve dúvidas e apontou para a marca do penálti, que fez emergir uma das valências de Samuel Soares: a forma como enche a baliza, mesmo na luta desigual frente ao marcador, no caso Dudu, que num remate denunciado permitiu o voo do suplente de Trubin. O relógio já passava muito do tempo de compensação da primeira parte e aquele lance mandava as equipas para os balneários com estados de espírito completamente diferentes.
Na segunda parte, Barcelona começou aqui e ali a pesar no subconsciente do Benfica. Gerir passou a ser o verbo mais utilizado, sem quase nunca perder o controlo e tendo uma dose de sorte a seu lado, como naquele falhanço de Dudu, aos 55’, quando apareceu isolado na cara de Samuel Soares. O jogo foi perdendo interesse porque as diferenças de andamento eram óbvias e Lage conseguia concretizar todos os objetivos: vencer, dar descanso a alguns (Pavlidis, autor do 3-0, de penálti, mesmo no último minuto, e Akturkoglu, principalmente) e manter o moral elevado a outros (Otamendi, Aursnes, Kokçu). Apenas não se viu Dahl como lateral-esquerdo, candidato ao lugar do castigado Carreras (outra grande exibição do espanhol) no Olímpico de Barcelona."

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