"Há quem diga que apenas valorizamos verdadeiramente o que temos quando deixamos de ter. Tenho consciência de que assim poderá ser quando percebemos que a velocidade estonteante do Rafa deixou de empolgar o Estádio da Luz. Quantas arrancadas supersónicas vimos o Rafael fazer? O golo ao SC Braga na época passada; aquele golo do Estoril depois de percorrer o campo inteiro com a bola nos pés; o golo do 1-1 com o Portimonense (5-1), em 18/19 - depois de recuperar 10 metros de terreno para o defesa adversário, antes de fuzilar a baliza o 2-1 e a reviravolta no marcador.
Não disponho de caracteres suficientes nesta crónica para recordar todos os sprints que vimos o Rafa fazer, mas gostaria de utilizar os que me sobram para relembrar alguns dos momentos icónicos do nosso número 27, que nem sequer precisou de vestir um número de artista na camisola para o ser.
Na época de estreia (16/17), depois de cinco jogos a saltar do banco, Rui Vitória deu-lhe a titularidade na vitória no dérbi com o Sporting (2-1) para o Rafa fazer um cruzamento açucarado que permitiu ao Salvio inaugurar o marcador. Em 18/19, foi autor daquele belo remate na vitória por 1-2 no Dragão. Bisou em Alvalade (0-2), voltou a marcar no Porto (0-1) e esteve a poucos centímetros de fazer um hat-trick à Juventus (4-3).
Desequilibrou as defesas adversárias como poucos vi fazer, mas, dizem alguns entendidos, fez uma época pobre no último ano com o manto sagrado. Com 34 contribuições diretas para golo (20 marcados e 14 assistências), os melhores números da sua carreira, o Rafa poderá sair do Benfica como quase sempre esteve: debaixo de um nível de desconfiança inexplicável. Para mim, é um privilégio vibrar com ele ao longo destes 8 anos: o pequeno Rafa, craque de todo o tamanho."
Pedro Soares, in O Benfica
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