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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Rafa e Di María, renovar ou não?


"Decisão terá de passar pelo interesse e rendimento dos jogadores, o estado das finanças e as ideias para o projeto no final da temporada

Tal como o FC Porto, é agora a vez de o Benfica enfrentar a incapacidade de segurar os jogadores mais importantes em final de contrato. Grimaldo saiu no Verão e deixou um vazio na defesa, Di María aponta ao regresso para uma última dança no Rosario Central antes do pendurar de botas e Rafa já reconheceu publicamente que terá saudades, carimbando praticamente o anúncio de um adeus no final da temporada. A julgar pelas suas palavras, Rui Costa ainda não terá atirado a toalha ao chão no que diz respeito aos últimos dois, lembrando-se provavelmente do que conseguiu com Otamendi, no entanto as probabilidades de inversão do cenário parecem diminutas.
Há dias revia um episódio da segunda temporada de Sunderland ‘Till I Die em que o dono Stewart Donald enfrenta uma negociação dura no último dia do mercado de Inverno com o Wigan por Will Grigg, que andava on fire. Sei que a situação não é semelhante, mas façam-me a vontade. Donald, que lidera um clube sob apertada contenção financeira, começa por oferecer pouco mais de um milhão de libras, mas perante as negas sucessivas dadas pelo emblema de Manchester, vai subindo a parada. Liga a Jack Ross para saber o quanto este o quer e o treinador responde: «Ele não vale tanto!» Só que o dirigente, que tinha começado como adepto do Oxford United e desenvolvido afeição especial pelos Black Cats, cede à pressão e, já descabelado, solta a última e decisiva oferta: três milhões.
Grigg até podia ter sido a solução para todos os males do Sunderland, todavia não o foi. Marcou apenas 8 golos num total de 62 jogos, foi emprestado a MK Dons e Rotherham, e o clube só garantiu o regresso ao Championship já sem o norte-irlandês na equipa. Um episódio depois, salvo erro, Stewart Donald reconhecia que tantas despesas obrigavam-no a procurar investimento externo.
O paralelismo parece-me um pouco mais abrangente do que o nome do estádio, já que vejo Rui Costa também como presidente-adepto, não imune a algo como pagar mais do que deve a quem gosta, mesmo tendo como ponto de partida o aumento exponencial das despesas com salários no clube. E se é raro encontrar a definição de Di María numa liga – mesmo com tudo aquilo que o argentino já não consegue dar – as indefinições e más decisões de Rafa, tal como antes o envelhecimento e atração pelo erro de Otamendi, sugerem fim de ciclo. Há diferenças, portanto.
Antes disso, há algo a resolver, pelo menos internamente: o que será o Benfica da próxima época? O técnico tem contrato, a equipa continua em várias frentes, mas as bancadas assobiam outra vez as suas substituições e poluem as redes sociais com apelos ao adeus. O clube tem-no deixado demasiado só e poderá ser tarde demais para desintoxicar a relação. Ser campeão será suficiente? Não o ser tornar-se-á fatal? Se não for ele, será a mesma ideia de jogo? Não se sabendo se as renovações são missão possível ou não, há que responder a isto primeiro. Não deve ser sim ou sim, no matter what."

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