"Parece que foi ontem, mas foi há mais de 40 anos. O Mundial de Espanha, para sermos exatos, foi há 41 anos e três ou quatro meses. Havia os italianos Zoff, Gentile, Antognoni, Conti, Altobelli e Rossi, os alemães Breitner, Littbarski, Rummenigge e Matthaus, os argentinos Maradona, Ardiles, Kempes e Valdano (esse), os ingleses Keegan e Francis, os franceses Platini, Giresse e Tigana, os polacos Boniek e Lato, os escoceses Hansen, Strachan e Dalglish, os espanhóis Santillana e Juanito, os camaroneses N’Kono e Milla, os belgas Gerets e Vercauteren, os soviéticos Blokhin e Bessonov, o checo Panenka (esse), o peruano Cubillas (esse), o austríaco Krankl e o argelino Madjer (esse) e, por fim, os brasileiros Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Junior, Leandro, Eder, Dirceu, Roberto Dinamite, Luisinho (esse) e Paulo Roberto Falcão. Um mimo, meus amigos, um mimo. Quem viu, viu; quem não viu, veja no youtube.
Parece que foi ontem, mas foi há exatos 41 anos, três meses e 11 dias. Falamos, claro, de um dos mais fantásticos jogos da história de Campeonatos do Mundo. Só o nome do estádio era impotente: Sarriá. Tal como o nome do senhor que apontou um dos mais famosos hat tricks de todos os tempos: Paolo Rossi. E os nomes dos dois inesquecíveis selecionadores: Enzo Bearzot e Telé Santana. Até o nome do senhor ao apito é imponente: o israelita Abraham Klein. Só falta o nome do jogo, mas esse, meus amigos, não é complicado de adivinhar: Itália-Brasil da segunda fase do Mundial de Espanha, a 5 de julho de 1982. O resultado foi pequenina montanha russa: 1-0 (5’), 1-1 (12’), 2-1 (25’), 2-2 (68’) e 3-2 (75’). Foi o jogo da vida de Paolo Rossi e esse jogo teve um dos mais brilhantes golos que vi. Sim, os três de Rossi foram bonitos pelo cinismo; o de Sócrates, após obra-prima de Zico, foi lindo-lindo; mas o de Paulo_Roberto Falcão, meus amigos, foi maravilhoso e inesquecível, com Zico a abrir do meio para a direita, onde apareceu Toninho Cerezo a entrar e a arrastar quatro italianos, com Falcão a ficar quase com a baliza de_Zoff aberta. Falcão finge que vai endossar a bola, de pé direito, a Cerezo, arrasta ainda mais para a esquerda a defesa italiana e fica com a baliza escancarada. E fuzila-a de pé esquerdo: 2-2. Golaço digno de Maradona, Keegan, Platini, Boniek, Dalglish, Blokhin, Cubillas, Madjer, Zico ou Sócrates. Mas foi de Paulo Roberto Falcão. O então Rei de Roma.
Pois bem, esta lenga-lenga toda para dizer que esta segunda-feira, 16 de outubro de 2023, o senhor Paulo Roberto Falcão, ex-Rei de Roma, nascido em Abelardo Luz, completa 70 anos. Apetece perguntar: é erro, não é, Paulo? A palavra septuagenário não combina com a imagem que retemos de 5 de julho de 1982, quando ele, o o jovem e esplendoroso Rei de Roma e futuro integrante da Tragédia de Sarriá, corria desalmado, de boca aberta para os céus de Barcelona, gritando aos 22 mil brasileiros presentes no Sarriá e aos mais de 180 milhões espalhados do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, que era golo. O do empate. E era. Depois chegou Rossi pela 3.ª vez. E o Brasil de 1982 tornou-se, como a Holanda de 1974, um dos melhores não campeões do Mundo da história do futebol. Tudo resumido: 70 anos, Paulo?!"
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