"Vítor Baptista causou rapidamente enorme sensação de águia ao peito
A confiança nas suas capacidades é fundamental para um jogador, para que possa executar desde a ação mais simples até à mais complexa de forma perfeita. A dúvida convive com a falha, basta que hesite um instante para que não seja bem-sucedido.
Vítor Baptista era dos jogadores que não hesitavam em relação aos seus atributos. Com uma autoestima elevada, o avançado não tinha qualquer receio de enfrentar os adversários, independentemente de quem fosse. Alto, forte fisicamente, rápido e com qualidade técnica, imprimia em campo o mesmo ritmo avassalador com que vivia fora das quatro linhas. Na época 1970/71, exibiu-se a um nível estupendo, sendo peça-chave para que o Vitória de Setúbal assegurasse a 4.ª posição do Campeonato Nacional, ao apontar 22 dos 51 golos marcados pelos sadinos.
O seu desempenho aguçou o interesse de vários clubes, sendo o 'agitador' do defeso de 1971, com a dúvida instaurada durante semanas acerca de por qual clube iria assinar: Belenenses, Sporting ou Benfica. O conjunto de Belém foi o primeiro a desistir, devido às elevadas pretensões do Vitória de Setúbal. A 'luta' pelo avançado ficou entre os 'velhos rivais'.
Em 14 de Julho, os encarnados chegaram a acordo com os sadinos, num negócio que envolveu a cedência definitiva de Torres e Praia, para além de um pagamento de 3 mil contos. No dia seguinte, 'no quartel de Lanceiros 2, em Belém, onde o jogador cumpre o serviço militar, Vítor Baptista assinava o contrato que o liga, por três épocas, ao Benfica'.
O facto de ingressar no Benfica, um clube com estatuto internacional e que contava com jogadores de elevada qualidade no ataque, como Eusébio, Artur Jorge e Nené, poderia causar alguma apreensão... exceto a Vítor Baptista. Desde o primeiro momento, demonstrou enorme confiança, afirmando: 'Sim vaidade, apesar de haver quem diga que seu sou vaidoso, e sem pretender dizer que vou chegar e entrar na equipa, estou convencido de que me vou adaptar facilmente. Até porque acho que as minhas características pessoais estão dentro do modo de jogar do Benfica'. Estava certo! Na sua estreia oficial de águia ao peito, precisamente frente ao Vitória de Setúbal, na 3.ª jornada do Campeonato Nacional, precisou de apenas 30 minutos para apontar o seu primeiro golo.
Evidenciava em campo uma audácia e um vasto reportório de recursos que o tomavam imprevisível e difícil de parar pelos defesas adversários. Na 9.ª jornada do Campeonato Nacional, o avançado realizou uma exibição magnífica, 'pela produtividade de que fez gala'. A imprensa ficou rendida com a sua contribuição para a vitória por 5-1, com 'quatro golos consecutivos, é prova de registar e aplaudir', e sintetizou: 'Vítor Baptista, o 'goleador', foi a grande figura da equipa'.
O seu impacto foi instantâneo e, apesar de ter sofrido uma lesão no decorrer da temporada, afastando-o de vários encontros, foi determinante para a vitória da Taça de Portugal e para a conquista do Campeonato Nacional, no qual foi o terceiro melhor marcador da equipa.
Saiba mais sobre esta magnífica campanha na área 6 - Campeões Sempre, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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