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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

A farda, o desporto, mas o Benfica sobretudo


"Júlio Ribeiro da Costa, Presidente do Benfica, foi militar, futebolista e o primeiro sócio a receber o Anel de Platina

Uma vida, longa ou curta, traz consigo as marcas de um passado. Essas memórias, para quem as carrega, são motivo tanto de suspiros como de sorrisos. E quando dura quase um século, como a do capitão Júlio Ribeiro da Costa (1894-1992), uma vida parece pouco para tanto que se fez. Nascido em Condeixa-a-Nova, cedo foi viver para Santos-o-Velho, em Lisboa. Aí decidiu ser benfiquista, por Félix Bermudes passar de bicicleta, 'com a bola pendurada no guiador, a caminho de Carcavelos'.
Sócio desde 12 de Novembro de 1912, foi futebolista ao mesmo tempo que era eleito para os órgáos sociais do Clube. Em 1917, 'largou o desporto pela farda' e foi incorporado no Corpo Expedicionário Português. Rumou a Angola como alferes para defender a colónia lusa e, após o conflito, foi colocado como oficial em Coimbra. Ali se formou academicamente e ajudou a fundar, em 1922, a Associação de Futebol da cidade. No mesmo ano, dirigiu a primeira digressão encarnada à Madeira.
Entre 1931 e 1945, vagueou por cargos de todos os órgãos sociais do Benfica. Em 1940, foi agradecido com o grau de cavaleiro da Ordem Militar de Cristo 'por serviços prestados no desempenho das suas funções oficiais'. Apesar do seu estatuto, Ribeiro da Costa foi uma personagem controversa nos meios políticos, não só por ser maçom como por ser de clara oposição ao Estado Novo. Daí que 'não podia continuar porque não queria prejudicar o Clube, com as minhas convicções políticas'. Por este motivo, a sua presidência na Direcção, apesar de desejada, foi fugaz, durante a época de 1938/39.
Comunicador nato e inteligente, era, porém, irascível. Por uma acção sua, em 1944, a Federação Portuguesa de Futebol castigou todos os dirigentes benfiquistas durante três meses.
Deixou os círculos dirigentes a partir de 1944, não obstante se ter mantido próximo do Clube, servindo várias vezes de braço direito de Joaquim Ferreira Bogalho. Integrou a Comissão de Honra do Novo Parque de Jogos, em 1952, e a Assembleia dos Representantes.
Em 1986 subia a sócio n.º 1 do Clube. O seu coração, porém, dizia-lhe não aguentar ver os jogos. No final, era Rogério Jonet, seu amigo e sócio n.º 2, quem lhe comunicava os resultados por telefone. Foi ainda o primeiro benfiquista a atingir os 75 anos de associado e, juntamente com Jonet, recebeu o primeiro Anel de Platina, em 1988. No ano seguinte era agraciado com a Ordem da Liberdade e, em 1991, foi elevado a Águia de Ouro.
Muito mais há para explorar nesta longa vida. Por enquanto, pode conhecer mais sobre este e outros presidentes do Benfica na área 28 - Homens do Leme, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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