"'O que é nosso à nossa mão vem ter' e o velho púcaro encontrado nos terrenos do futuro estádio foi prova disso
A 20 de Julho de 1952, a convite da Direcção do Clube, mais de 20 mil benfiquistas dirigiram-se aos terrenos, cedidos pela Câmara de Lisboa, onde iria erguer-se o Estádio do Benfica. O Clube, que pertencia à freguesia de Benfica, ia instalar-se definitivamente no local onde sempre pertencera. A romaria começou pela manhã, com os elétricos e serem '«assaltados» por vagas de passageiros', de tal modo que foi necessário organizarem-se carreiras extraordinárias. Foi também necessário montar um serviço especial de policiamento para regularizar o trânsito, tal era o número de automóveis 'que em contínuo vaivém demandaram o Estrada da Luz'.
Às 8 horas chegou Álvaro Curado, diretor do campo de jogos, e foi içada a bandeira do Benfica no portão do n.º 203 da Estrada da Luz. Desde esse momento os benfiquistas começaram a entrar nos terrenos, apesar de o início da visita estar agendado para as 10 horas. Famílias inteiras visitavam o espaço e demonstravam o seu benfiquismo das formas mais peculiares, como, por exemplo, através da colocação de uma almofada bordada com o símbolo do Benfica no tronco de uma oliveira. Quem quisesse estudar melhor a localização do futuro Estádio do Benfica podia fazê-lo, pois a planta do Estádio, traçada pelo arquiteto João Simões, foi exposta num cavalete.
A Direção do Clube também compareceu em peso, incluindo o presidente, Joaquim Ferreira Bogalho, que respondeu às mais variadas perguntas dos benfiquistas sobre o terreno. Mas foi um momento de agitação entre alguns dos visitantes que chamou a atenção dos presentes naquele espaço. 'Numa das parcelas, a que fica para os lados da Azinhaga dos Soeiros, há um velho poço abandonado. Alguns curiosos foram até lá. (...) Chegados junto de nós, um deles exibia vaidosamente, um objecto ferrugento, que a princípio não distinguimos que seria, e bradava: - Este terreno foi sempre do Benfica! Já antes de a Câmara o ceder, era nosso. Olhem o que eu ali achei!'. Tratava-se de 'um púcaro de folha, velho, esburacado, ferrugento, amolgado, com o emblema do Benfica esmaltado a cores'.
Saiba mais sobre os campos do Benfica na área 17 - Chão Sagrado do Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Manana, in O Benfica
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