"A organização de uma competição desta dimensão implica requisitos que seriam incomportáveis para a realidade portuguesa, nomeadamente um estádio com 80 mil lugares para a realização dos jogos da abertura e da final
Em contagem decrescente para o Mundial do Catar, ficamos a conhecer, no último mês, os 18 estádios propostos para a Candidatura ibérica à organização do Mundial 2030, um desejo antigo de Portugal e Espanha, após uma primeira tentativa no Mundial 2018.
Destes 18 estádios propostos - dos quais serão selecionados 14 - apenas três são portugueses - o Estádio da Luz e José Alvalade, em Lisboa, e o Estádio do Dragão, no Porto. Dada esta disparidade, levantaram-se algumas questões sobre o papel de Portugal nesta colaboração entre os dois países.
A organização de uma competição desta dimensão implica requisitos que seriam incomportáveis para a realidade portuguesa, nomeadamente um estádio com 80 mil lugares para a realização dos jogos da abertura e da final, bem como um aeroporto a uma distância máxima de 40 quilómetros de cada estádio-sede.
Ainda assim, esta candidatura representa uma oportunidade significativa para Portugal, consolidando o país cada vez mais como um candidato de excelência à realização de eventos similares, após o bem-sucedido Euro 2004 ou, mais recentemente, a UEFA Nations League, em 2019 e a Final Eight da Champions League, em 2020.
Para já, a Candidatura ibérica enfrenta o quarteto composto por Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile e, possivelmente, uma segunda candidatura encabeçada por Marrocos, Argélia e Tunísia. Apesar de não terem do seu lado o argumento "sentimental" da candidatura sul-americana - em 2030 celebra-se o centenário do primeiro Mundial, realizado precisamente no Uruguai - Portugal e Espanha parecem partir em boa posição, uma vez que a UEFA defende a existência de uma candidatura única europeia, o que levou a colaboração entre Inglaterra e República da Irlanda a abdicar.
Também ao nível das infraestruturas, que representam 70% dos critérios de candidatura, Portugal e Espanha apresentam centros de treino reconhecidos internacionalmente e serviços de qualidade ao nível da saúde, mobilidade e alojamento, entre outros.
Ao contrário das últimas edições, onde o número de estádios construídos representou sempre a maior fatia do total, os estádios ibéricos apenas teriam de receber obras de expansão e modernização. A título de exemplo, Sevilha recebeu, em 2021, quatro jogos do Euro 2020, investindo um valor inferior a 5 milhões de euros em melhorias no Estádio de La Cartuja, que resultaram em mais de 73 milhões de euros de impacto económico direto na região, num contexto ainda fortemente influenciado pelas restrições da Covid-19.
Assim, após alguns contratempos na preparação das últimas competições da FIFA, a candidatura Ibérica representa uma hipótese robusta para o regresso da competição à Europa, mais de 20 anos depois."
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