"Sou um leigo do futebol, não é surpresa para ninguém. Nem sempre foi assim. Antes percebia um pouco, quando o jogo não era todo cheio de complexidades e nomes pomposos para identificar movimentos tácticos, gestos técnicos ou o árbitro auxiliar, que antigamente era o Bandeirinha, que sem qualquer coincidência, também era um lateral do FC Porto. Quando aprendi a ver bola, a escolaridade obrigatória para o entender era uma 4ª classe tirada aos trambolhões. Hoje para saber minimamente da poda, é preciso um mestrado pago com o coiro esfolado em infindáveis horas de estudo. Não obstante, é claro que até mesmo um iletrado futebolisticamente consegue ver as coisas mais óbvias.
O Sport Lisboa e Benfica nunca vai ser campeão com o Taarabt a titular na posição 8. Os taarabistas que estrebuchem à vontade, isto não é uma opinião, é um facto comprovado. É uma impossibilidade técnica. É tentar vencer um Grande Prémio de F1 com um Renault 8 Gordini todo apetrechado e brilhante. O filho da mãe do carro é lindíssimo, mas não tem pedalada para aquilo. Os números estão lá todos: em 26 jogos na Liga, o médio mais ofensivo do centro do terreno, fez incontáveis 3 assistências. O mágico, mestre da rabia, da cueca e do cabrito representou o SL Benfica em 86 jogos oficiais e marcou 1 golo. O Michael Thomas marcou 1 golo pelo SLB. O Beto também. O Rui Baião facturou 1 vez pelo SLB. O Binya atirou a contar… não, o Binya nunca festejou com o Manto Sagrado no corpo. Mas nenhum dos mencionados precisou de 86 jogos para tamanho desiderato. Taarabt é o médio que transporta a bola, mas aparentemente, ninguém sabe para onde nem a que horas lá chega.
“Taarabt a falhar alguns passes, que não são habituais”. É talvez das frases mais ditas no relato televisivo dos jogos do Glorioso, numa repetição que inconscientemente torna habituais todos os passes errados não habituais. A segunda frase mais dita é “que coisa linda de Taarabt” quando sai uma finta prodigiosa, sem grande progressão. A terceira é “Taarabt a sofrer falta” naquele momento em que com 4 ou 5 colegas sem marcação a pedirem a bola, insiste no lance individual. A imprevisibilidade com que tantos carimbas o que sai dos pés do marroquino, é a mesma que eu coloco na titularidade dele. Juro que quando no Verão de 2020 Jorge Jesus foi apresentado na Luz, dei o Adel por automaticamente dispensado, porque não via nada nele que encaixasse no 8 do modelo Jesuíta.
Se das vantagens atacantes estamos conversados, nem sei se em termos de posicionamento e agressividade defensiva é preciso acrescentar algo mais do que as sábias palavras do timoneiro da equipa “tive de meter o Gabriel, porque o Taarabt a partir dos 60 min vai abaixo”. Compare-se com um qualquer médio centro dos nossos rivais ou com o locatário do box-to-box benfiquista nos últimos anos e tirem-se as conclusões. É injusto apontar ao médio do Benfica a culpa pelo descalabro em que se tornou esta infernal temporada. A reabilitação de Adel Taarabt é um bonito conto de fadas que um dia contaremos aos netos e ele tem tudo para ser um bom rapaz e um brilhante profissional. Não tem é nada para ser 8 titular numa equipa que quer ser campeã. O sucesso da próxima temporada reside em 70% no que o SLB fizer durante o defeso quanto a isto. Novamente, nada disto é opinião, apenas relato factos."
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